EUA levantam punições a ex-chefe da inteligência da Venezuela que aderiu à oposição
O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, aumentou nesta terça-feira (7) a ofensiva verbal do governo americano contra o regime de Nicolás Maduro ao fazer ameaças ao Tribunal Supremo da Venezuela e reforçar as pressões diplomáticas e econômicas sobre Caracas.
A frase, repetidas diversas vezes por Pence e Trump, é a maneira que o governo dos EUA encontrou de não descartar a possibilidade intervenção militar na Venezuela caso o regime de Maduro resista à oposição liderada por Juan Guaidó —autoproclamado presidente do país há cerca de cem dias.
Mas, como forma de tentar atrair mais apoio para o movimento de oposição liderado por Guaidó, Pence anunciou a retirada das sanções sobre Manuel Cristopher Figuera, ex-chefe da inteligência de Maduro, que desertou do regime.
Além disso, anunciou que o governo americano vai providenciar um navio com medicamentos para a população venezuelana a partir de 5 de junho.
Os EUA já haviam anunciado aliviar sanções a aliados de Maduro que mudassem de lado após a escalada da crise venezuelana. Na semana passada, Guaidó saiu às ruas para tentar derrubar o ditador dizendo ter apoio das Forças Armadas, mas o respaldo não chegou ao alto escalão dos militares e Maduro reagiu, mantendo-se no poder apesar da crise generalizada no país.
Segundo Pence, o presidente Donald Trump pode ser ainda "mais duro" contra a ditadura venezuelana, sem descartar a retórica de que "todas as opções estão à mesa".
"Os EUA têm sido duros, mas o presidente [Trump] diz que a gente pode ser mais duro", afirmou Pence em evento do Council of the Americas, em Washington. "Vim aqui hoje para ser muito claro: os EUA vão continuar com pressão diplomática e econômica para restaurar a liberdade na Venezuela, mas todas as opções estão sobre a mesa".
Durante discurso de quase trinta minutos, o vice americano fez ataques duros à suprema corte venezuelana, acusando-a de ser "instrumento político" do regime de Maduro.
Pence fez uma espécie de ameaça aos ministros que compõem o tribunal e disse que, caso eles não retomem o propósito inicial do Judiciário, de respeito ao estado de direito, o governo americano vai responsabilizá-los por consequências da crise no país latino-americano.
"A suprema corte tem que proteger direitos individuais e estar dentro da lei, mas se tornou um instrumento político para o regime de Maduro. É hora da suprema corte retornar para o seu propósito e, se não retornar, os EUA culparão os 25 ministros".
Pence disse ainda que Maduro é um "ditador que deve ir embora" e que a segurança da família de Guaidó é "prioridade dos EUA".
Os interesses de Trump na crise da Venezuela, porém, estão centrados na disputa presidencial nos EUA, em novembro do próximo ano. A Flórida, por exemplo, estado considerado crucial para a disputa —o qual Trump venceu em 2016 e lidera as pesquisas deste ano— têm população venezuelana anti-Maduro e é o principal foco da campanha do presidente.
Nesta terça, o Tribunal Supremo da Venezuela ordenou a abertura de processo penal contra seis deputados da oposição por traição à pátria, conspiração e rebelião, supostamente depois que os legisladores apoiaram a rebelião militar da semana passada liderada por Guaidó.
A nota cita os deputados Henry Ramos (ex-presidente da Assembleia Nacional), Luis Florido, Marianela Magallanes, Simón Calzadilla, Amerigo De Grazia e Richard Blanco. A Assembleia Constituinte, controlada pelo ditador Nicolás Maduro, anunciou que irá retirar a imunidade dos legisladores.
Segundo a corte, como os supostos crimes foram cometidos de forma "flagrante", o caso será enviado aos tribunais ordinários em matéria penal.
Na semana passada, o Supremo já havia autorizado um processo em tribunal comum contra o vice-presidente da Assembleia Nacional (oposicionista), Édgar Zambrano, desconsiderando seu foro privilegiado.
Juan Guaidó, que é presidente da assembleia, também está sendo processado.