EUA voltam atrás e usarão tornozeleiras para liberar famílias de imigrantes
O governo de Donald Trump informou que vai liberar centenas de famílias imigrantes em território americano, com o uso de tornozeleiras eletrônicas, a partir desta terça-feira (10).
A medida é uma tentativa de cumprir ordens judiciais recentes que ordenaram a reunião de pais e filhos separados após cruzarem ilegalmente a fronteira com o México.
Nesta terça, o governo americano precisava reunificar 102 crianças com menos de cinco anos aos pais. Os menores estavam há semanas em abrigos mantidos pelo governo —que informou, mais cedo, que só conseguiria entregar aos pais pouco mais da metade deles.
Um novo prazo termina no próximo dia 26, quando todas as outras crianças separadas das famílias na fronteira deveriam ser devolvidas aos pais. São cerca de 2.000 delas.
Autoridades de imigração informaram que estavam sem espaço nos centros de detenção e que não iriam conseguir manter as crianças e os adultos nesses locais.
O governo também avalia usar bases militares para abrigar as famílias. Ele pediu à Justiça que prolongasse o tempo máximo de permanência de uma criança nos centros de imigração, que atualmente é de 20 dias. Mas o pedido foi negado nesta segunda (9).
“Pais com crianças com menos de cinco anos serão reunidos aos seus filhos e então liberados e inscritos em um programa alternativo de detenção”, informou o porta-voz Matthew Albence, do ICE (agência de imigração do governo americano).
A liberação de imigrantes com o uso de tornozeleiras eletrônicas não é algo novo nos EUA, e já ocorria sob outras administrações. Mas Trump é um grande crítico da prática, que apelidou de “prende e solta”, e prometeu eliminá-la em seu governo.
Os adultos é que usarão o dispositivo, e não as crianças, e terão obrigação de comparecer à corte de imigração e se apresentar ao governo periodicamente, acompanhando o processo judicial.
O governo ainda deve enfrentar novos desafios em breve: pelo menos 12 pais imigrantes foram deportados do país sem serem reunidos aos filhos, que permaneceram em abrigos nos EUA.
A expectativa é que novos casos como esses venham à tona. “Esse será um grande problema”, afirmou o juiz Dana Sabraw, em audiência nesta terça.
O governo informou que está trabalhando para localizar os pais em suas nações de origem, para então determinar como será feita a reunificação das famílias.
O magistrado deu até quinta (12) para que a administração traga mais informações a respeito desses casos. Só então ele vai decidir a respeito.
Mas Sabraw determinou que outras 63 crianças com menos de cinco anos fossem reunidas ainda nesta terça aos pais, incluindo oito que aguardam a conclusão de testes de DNA e checagem de antecedentes criminais dos adultos que serão responsáveis por sua guarda nos EUA.
É pouco mais da metade dos 102 casos que estavam sendo analisados pela Justiça –que correspondem a todas as crianças imigrantes com menos de cinco anos separadas dos pais na fronteira.
O juiz, porém, admitiu que 27 delas não poderão ser reunidas imediatamente: alguns dos adultos têm antecedentes criminais, outros dez continuam detidos em presídios federais ou estaduais (que não podem abrigar crianças) e, em um caso, os pais ainda não foram localizados.
O magistrado aceitou a extensão do prazo para esses casos e pediu um relatório para o fim desta semana sobre as providências que foram tomadas.