Facebook lança seção de vídeos e aposta no entretenimento
O Facebook aposta no mercado de entretenimento e streaming ao anunciar o Facebook Watch, recurso que está disponível para todos os países da rede social a partir desta quinta-feira (30).
Existente há um ano no mercado americano, o Watch é uma seção do Facebook dedicada exclusivamente a vídeos, sejam de canais de TV, de influenciadores ou de marcas que tenham uma página na rede social.
O objetivo do novo recurso é oferecer ao usuário um espaço personalizado com vídeos de seu interesse e com sugestões baseadas nos conteúdos que interage, incluindo os que são populares entre seus amigos.
A quem produz conteúdo, o Watch oferece métricas e técnicas para reter mais pessoas em transmissões, além de novas possibilidades de receita.
A quem consome, a divisão permite a descoberta de novos vídeos sobre entretenimento, esportes e notícias, por exemplo, mais facilidade em encontrar vídeos ao vivo e a possibilidade de gerenciar essa seção ao incluir ou excluir páginas de interesse.
Em comunicado, Fidji Simo, vice-presidente de vídeo da empresa, enfatiza que, no Watch, as pessoas podem “discutir os grandes momentos enquanto eles estão acontecendo”.
Isso mostra a estratégia do Facebook em tornar a experiência social, com possibilidade de interação de usuário em torno de transmissões.
“Durante cinco anos, vimos o vídeo explodir na plataforma, com as lives [vídeos ao vivo]”, diz Mauro Bedaque, líder de parcerias de entretenimento para a América Latina.
Segundo ele, o diferencial do Watch é a “visualização intencional”, quando o usuário assiste a um vídeo porque quer, não porque está “gastando tempo na plataforma” – o típico scroll infinito.
Segundo a empresa, mais de 50 milhões de pessoas nos EUA assistem a vídeos por pelo menos um minuto no Facebook Watch. O tempo total gasto assistindo a vídeos aumentou 14 vezes desde o início de 2018 nos EUA.
DE OLHO NA TRANSMISSÃO?
O Facebook está se posicionando de forma estratégica nas transmissões ao vivo, principalmente em relação ao esporte.
Os direitos de transmissão, que antes eram dominados pela TV a cabo e direcionados apenas às classes A e B, agora são diluídos entre parceiros com maior alcance de público.
Em 2017, o Facebook social investiu US$ 600 milhões por direitos de transmissão de um torneio de críquete extremamente popular na Índia, liga vista por mais de 1 bilhão de pessoas no mundo. No entanto, perdeu para a Twenty-First Century Fox.
Conseguiu comprar os direitos dos jogos da La Liga, o campeonato de futebol espanhol, para transmiti-los na rede social a alguns países asiáticos.
Em janeiro deste ano, a empresa contratou Peter Hutton para a área de negociações de transmissão esportiva, um dos grandes nomes do mercado. Hutton foi um dos responsáveis pela expansão do serviço de assinatura do Eurosport Player, comprado pela Discovery, e disponível em 52 mercados.
Assim como Facebook, outras marcas como Twitter, YouTube TV e Amazon têm interesse em abocanhar um mercado já não tão atrativo da TV por assinatura.
A Amazon já adquiriu os direitos globais de transmissão do “Thursday Night Football”, da NFL, e a transmissão de jogos da Premier League. O Hulu já teve direitos sobre a liga de hóquei nos EUA.
Aqui no Brasil, a chance de o Facebook entrar no mercado tradicional dos grandes clubes de futebol é remota, pelo menos até 2024, porque a Globo detém os direitos de transmissão. Isso não impede a empresa de buscar parcerias com outros esportes, seus clubes e circuitos no médio prazo.