Fala de Alckmin sobre traição de Doria foi de escorrer lágrima, diz Márcio França

O governador e candidato à reeleição Márcio França (PSB) comentou nesta quarta-feira (10) a insinuação do presidente do PSDB Geraldo Alckmin, durante reunião do partido, de que João Doria é traidor.

“A fala do Alckmin ontem foi de escorrer a lágrima. Foi uma fala dura”, disse França durante entrevista à Rádio Jovem Pan.

Candidato da sigla ao governo de São Paulo, Doria cobrava uma autoavaliação do PSDB depois de derrotas em diferentes frentes na eleição, a começar pela de Alckmin na disputa presidencial.

Áudio da discussão obtido pelo jornal "O Estado de S. Paulo" revela que neste momento Alckmin interrompe o ex-prefeito paulistano. "Traidor eu não sou", diz o ex-governador. Em seguida, uma voz abafada não identificada emenda: "E nem falso".

Assim como fez ao longo da campanha no primeiro turno, França acusou Doria de ser uma pessoa sem palavra. Se antes a crítica era direcionada ao fato de o tucano ter deixado o mandato na Prefeitura de São Paulo apesar de dizer que não o faria, agora o governador resgata a mudança de posicionamento do rival, que, segundo ele, age por conveniência.

França destacou que Doria havia declarado naquela mesma rádio “que não aceitaria o apoio do Bolsonaro porque ele é de extrema direita”. Antes do primeiro turno terminar, porém, o tucano começou a flertar com o candidato.

“Ele não tem uma bandeira. A bandeira dele é João Doria”, afirmou. Ele insinuou ainda que o rival já teria apoiado Luiz Inácio Lula da Silva no passado, citando uma contribuição financeira feita ao PT.

O pessebista acusou Doria de não ter amigos, porque “explode” quem fica em seu caminho e disse que ele não tem apoio suficiente no PSDB para compor a equipe de governo, caso seja eleito. “Pouca gente vai ficar com ele. Os outros, vai expulsar todo mundo”, afirmou.

Nesta segunda-feira (8) o PSDB paulistano expulsou o ex-governador paulista Alberto Goldman, o secretário estadual de Governo Saulo de Castro e mais 15 filiados da legenda por infidelidade partidária.

Questionado se era um candidato de esquerda, França não respondeu de forma direta, mas destacou que não apoiou Lula nas duas eleições em que o petista foi eleito e defendeu uma “terceira via na política”, citando Eduardo Campos, além de atribuir ao PT e PSDB o cenário de polarização existente no país. 

“O PT e o PSDB produziram essa guerra fratricida. Criaram uma dicotomia desnecessária. De alguma forma, Eduardo Campos intuiu isso quando lançou a proposta de terceira via”, declarou.
 
Nesta terça-feira (9), o PSB manifestou apoio ao PT nacionalmente, mas liberou o diretório paulista e do Distrito Federal para decidir individualmente. França disse que não vai apoiar o PT porque prometeu isso para a coronel Eliane Nikoluk, vice em sua chapa. Ele disse que ficará neutro.

“Vou cumprir minha palavra. A única posição que me sobrou foi ser neutro”, afirmou. 

Eleito senador pelo partido de Jair Bolsonaro, o PSL, Major Olímpio declarou em entrevista ao jornal O Estado S. Paulo nesta quarta-feira que, por exclusão, votará em Márcio França. Olímpio já havia declarado que o presidenciável não vai apoiar Doria no estado. 

O apoio foi citado por França durante a entrevista. O governador disse ainda que a maioria dos policiais estão com ele, porque "não aceitam essa falsidade do Doria”.

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