Favorito dos famosos, japonês Nobu virá a São Paulo
A capital paulista será a sede do mais novo restaurante Nobu, o primeiro na América do Sul do famoso chef japonês radicado nos Estados Unidos.
Sua carreira explodiu quando, em 1993, abriu seu endereço em Nova York com o sócio e ator Robert De Niro, o restaurateur Drew Nieporent e o produtor de cinema Meir Teper. Virou um sucesso instantâneo, na esteira do prestígio que o chef já vinha angariando em Los Angeles.
Situado nos Jardins, na rua Haddock Lobo, 1.573 (esquina com a rua Oscar Freire), o novo ponto —cuja inauguração vem sendo mantida com extrema discrição—, abrirá em meados de novembro.
Ele tem como sócios locais um grupo de investidores liderados pela empresária do setor imobiliário Ester Endo, envolvida também na construção do futuro hotel Nobu de São Paulo, que ainda demora alguns anos para ficar pronto (e terá outro restaurante do chef).
Num prédio sóbrio e elegante, o Nobu dos Jardins terá um lounge e um bar no térreo, e, no andar superior, um sushibar com longo balcão, além do salão principal.
Com a inauguração em São Paulo, subirá para 40 o número de cozinhas com a assinatura de Nobu Matsuhisa, 69, espalhados pelos cinco continentes. A carreira do sushiman começou em Tóquio, onde trabalhou por sete anos num restaurante até ser convidado a abrir um endereço em Lima, no Peru, quando tinha 24 anos. Ali começou a adaptar sua cozinha japonesa improvisada com ingredientes locais.
Mudou-se para os Estados Unidos em 1977, trabalhando em restaurantes de Los Angeles até abrir na cidade sua própria casa, Nobu Matsuhisa, dez anos depois. Ali se tornou um sucesso entre artistas, e foi onde foi apresentado a Robert De Niro, que o convidou a abrir, em sociedade, um restaurante em Nova York.
Assim nasceu o Nobu, num edifício histórico no bairro de Tribeca, de onde a nova marca se espalhou pelo mundo. Sempre com sushis e sashimis impregnados por ingredientes peruanos —e, cada vez mais, de outros lugares do mundo também.
Num encontro nos Estados Unidos, no último mês de maio, no hotel Caesars Palace de Las Vegas (onde o chef tem um hotel boutique, além de um restaurante), Nobu falou com exclusividade à Folha sobre sua cozinha e seu empreendimento brasileiro.
“Comecei fazendo culinária japonesa, especialmente sushis”, contou, num inglês até hoje claudicante.
“Quando fui para o Peru, ainda jovem, conheci outros tipos de comida, uma cultura gastronômica diferente —picante, com ingredientes como alho, azeite, coentros, pimentas, coisas que a cozinha japonesa não usava. Eu aprendi com eles. Agora tenho restaurantes nos cinco continentes, fico viajando, e continuo sempre aprendendo com as diferentes culturas.”
De aparência tímida e sorridente, Nobu fala pausadamente enquanto explica sua cozinha: “a base é ainda japonesa —as técnicas, a apresentação; mas combino ingredientes de diferentes países, de uma forma que eu chamo de ‘estilo Nobu’”, acrescenta, agora sem modéstia.
Sobre sua chegada aos Estados Unidos, ele diz que causou estranheza quando inaugurou seu restaurante em Los Angeles. “Era japonês, mas a comunidade japonesa dizia: não, isso não é comida japonesa”, relembra.
Depois, no de Nova York, chefs japoneses viam com desconfiança seus pratos diferentes. “Eles diziam, ‘veremos se dura seis meses’; durou, e hoje o estilo Nobu está em todo o mundo —sushis com pimenta jalapeño, ceviches... não digo que me copiem, mas eles gostam.”
No Brasil, o novo Nobu terá as mesmas receitas servidas nas outras casas. “Mas isso sempre depende de ingredientes locais, e talvez do uso de algum tempero ou sabor local”, diz Matsuhisa.
Já os chefs e sushimen serão daqui mesmo. Segundo Nobu, o procedimento, como sempre, é enviar um chef corporativo da marca para treinar a equipe local. “Mas a ideia é criar uma equipe brasileira —chefs, pessoal de salão, gerentes; temos que apoiar pessoas do lugar, e não mandar gente daqui para ocupar os postos que devem ser de profissionais brasileiros.”