Filho de Netanyahu também atua nas redes sociais para ajudar o pai

Para mostrar como têm absoluta proximidade, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, lembrou a Jair Bolsonaro que seu filho tem o mesmo prenome do presidente brasileiro (Yair, em hebraico, claro).

“Bibi", como o premiê é mais frequentemente chamado, não sabia e nem poderia citar outra coincidência entre Jair e Yair: os jornais New York Times e Yedioth Ahronoth (“Últimas Notícias", o de maior circulação em Israel) denunciaram um esquema muito parecido com o que a Folha levantou, durante a campanha eleitoral de 2018 no Brasil: uma grande campanha em uma rede social pelo Likud, o partido ultra-direitista de Netanyahu, que usaria perfis falsos para espalhar mensagens do partido.

Adivinhe quem é um dos propagadores das mensagens? Sim, claro, é Yair, o filho do primeiro-ministro.

Conta a reportagem dos dois jornais que Yair retuitou 154 vezes mensagens da rede “fake”. A rede clicou “like” em suas mensagens 1.481 vezes e compartilhou seus tuítes 429 vezes.

Há outra semelhança entre o Yair de Netanyahu e os filhos do Jair, o Bolsonaro: a reportagem dos dois jornais diz que ele gasta muito do seu tempo online discutindo com outros usuários.

É o que fazem os filhos do Bolsonaro, especialmente Carlos, tido como especialista em redes sociais.

Há mais coincidências entre as campanhas de Bolsonaro e de Netanyahu: para provar que seus apoiadores nas redes sociais eram pessoas reais e não robôs, o premiê apresentou nesta segunda-feira (1) uma pessoa real. Mas só conseguiu piorar as coisas: o cidadão apresentado chama-se Giora Ezra e, segundo The Times of Israel, é um ativista político de extrema-direita com um histórico de ataques contra rivais do premiê, jornalistas e funcionários públicos, usando afirmações racistas e homofóbicas.

Lembra-se dos ataques à repórter Patrícia Campos Mello, desta Folha, que levantou a história das mensagens pró-Bolsonaro nas redes? Pois é, o pessoal do novo amigo de infância de Bolsonaro, Binyamin Netanyahu, adota os mesmíssimos usos e costumes.

Parêntesis: a diferença entre Brasil e Israel no capítulo das milícias virtuais é que, aqui, também o PT foi acusado de usá-las, tanto que seu candidato, Fernando Haddad, foi condenado a pagar multa. Em Israel, só o Likud por enquanto está sob suspeita.

Fecha parêntesis. Voltemos a Giora Ezra, “a pessoa real” de Netanyahu: The Times of Israel informa que, no mês passado, Ezra manifestou apoio ao rabino Meir Kahane (1932-1990), que advogava expulsar os árabes de Israel e criar uma teocracia judaica.

O partido do rabino Kahane (Kach ou “Este é o Caminho”) foi declarado ilegal pelo Parlamento, nos anos 1980, e considerado um grupo terrorista por Israel e pelos Estados Unidos.

Netanyahu desprezou esses antecedentes e fez um acordo eleitoral com o partido Otzma Yehudit (Poder Judeu), cujos líderes consideram-se discípulos de Kahane.

É por essas e outras que o Times of Israel define a campanha eleitoral para o pleito de terça-feira (9) como “suja, brutal e (afortunadamente) curta". Tirando o “curta", no Brasil também foi assim, não?

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