Filme '10 Segundos para Vencer' estreia com desafio de resgatar Eder Jofre
O filme “10 Segundos para Vencer”, baseado na vida e na carreira de Eder Jofre, estreia com o desafio de recuperar junto ao público brasileiro o status que o ex-campeão mundial de boxe jamais perdeu fora do país.
Membro do Hall da Fama, Eder, 82, é lembrado até hoje em textos de revistas estrangeiras como figura lendária. “Eder Jofre é, sem dúvida, um dos grandes da história, e o peso-galo mais importante do Conselho Mundial de Boxe”, definiu o mexicano Mauricio Sulaiman, presidente da principal entidade do pugilismo internacional.
Se fora do país Eder é reverenciado ainda hoje, há alguns anos percebeu que estava sendo esquecido entre seus compatriotas. Algo impensável na década de 1960, quando ao lado de Pelé e da tenista Maria Esther Bueno integrava o trio dos principais ícones do esporte nacional.
“Outro dia encontrei um conhecido na padaria, que me apresentou para o filho, ‘esse é o Eder Jofre, um grande campeão’”, contou o “Galo de Ouro”, que não esperava pela resposta do rapaz: “Ah, é? E ele foi campeão de quê?” “Campeão de quê?!! Ah, vai se ferrar...”, desabafava Eder.
Curiosamente, “10 Segundos para Vencer” nos lembra que a convivência de Eder com a ameaça do esquecimento é um adversário antigo, mais resistente do que qualquer um dos adversários que enfrentou dentro das quatro cordas.
“Tem uma passagem no filme que mostra meu pai, três anos após sua primeira aposentadoria dos ringues, lamentando que o haviam esquecido; ele voltou a lutar, foi campeão mundial pela segunda vez, mas agora já estavam se esquecendo dele de novo... Quem sabe se esse filme não terá o mesmo efeito de ele conquistar um terceiro título mundial?”, pergunta Marcel Jofre, filho mais velho de Eder.
Na apresentação de “10 Segundos para Vencer” à mídia, comentava-se que “apenas os mais velhos é que ainda se lembram do Eder Jofre”.
Na oportunidade, a equipe do filme bateu justamente na tecla do resgate do legado do “Galo de Ouro”. O diretor do filme, José Alvarenga Jr., aponta que não se trata apenas de Eder, mas do próprio boxe.
“O boxe está quase esquecido”, avalia. “Mas a minha expectativa é a melhor possível, o filme traz emoções muito fortes, tem diálogos precisos, vai fazer o pessoal vibrar.”
O ator Daniel de Oliveira, que aprendeu a lutar para interpretar Eder, acredita que após o filme “os garotos vão começar a treinar boxe por causa do Eder.”
Além das cenas coreografadas de lutas, a produção encontrou uma forma orgânica de encaixar também no filme highlights de lutas de Eder, que permitirão ao público conferir um pouco da habilidade e técnica do “Galo de Ouro”. “O Eder e nós, da sua família, ficaremos felizes se a história dele for preservada e, mais importante, se ele influenciar as novas gerações”, diz Marcel Jofre.
Eder foi campeão mundial dos galos entre 1960 e 1965 e conquistou o cinturão mundial dos penas em 1973. Pendurou as luvas em definitivo com um cartel de 72 vitórias, 50 delas por nocaute, duas derrotas e quatro empates.