Filme 'Benzinho' busca retrato completo da família e do amor
“A arte, para além de pensar o momento que a gente está vivendo, tem um papel fundamental de apontar caminhos”, afirma a atriz Karine Teles, no debate que se seguiu à pré-estreia do filme “Benzinho”, dirigido por Gustavo Pizzi.
O evento foi promovido pela Folha no dia 22 de agosto, em parceria com a distribuidora Vitrine Filmes e o Espaço Itaú de Cinema.
O longa conta a história de Irene (Karine Teles), uma mulher que, além de cuidar da casa e de seus quatro filhos, atura as ideias mirabolantes de seu marido (Otávio Müller), e acolhe sua irmã (Adriana Esteves), que está saindo de um relacionamento abusivo.
Um dia, Fernando (Konstantinos Sarris), de 17 anos, filho mais velho de Irene, anuncia que foi convidado para jogar handebol na Alemanha. A notícia abala Irene, que apesar de reconhecer a oportunidade que se abriu para o rapaz, sofre com a ideia de ver o filho partir.
Fernando viajará em 20 dias. Ao longo desse período, o filme retrata com delicadeza a cumplicidade e o amor entre os personagens, além das dores e angústias que a mudança acarretará.
Karine Teles afirmou que o filme procura abordar o amor de maneira mais ampla. “A gente criou um filme que fala de amor, mas de maneira crua, sem ser romântico ou piegas, incluindo os esporros, o desespero, as preocupações. Isso tudo faz parte do amor”.
Sobre Irene, a atriz completou que “ela é uma mulher extremamente comum, se você passa por ela na rua, não chama sua atenção. Mas o olhar do filme sobre o seu cotidiano joga uma lente de aumento em toda aquela situação difícil. Questiona como ela vai se virar para superar aquilo como mulher”.
O filme toca em questões que estão em pauta na sociedade brasileira. Questionada sobre o empoderamento feminino discreto presente na protagonista, Karine Teles conta que “Irene é uma feminista por natureza, ela não elabora isso, não levanta essa bandeira, não fala sobre isso”.
“Mas todas as atitudes dela são feministas. Nossa vida [das mulheres] é encontrar, afirmar e exigir nosso lugar no mundo, e é isso que Irene busca”.
Ao comentar o filme e a presença de Irene, Gustavo Pizzi disse que “Benzinho é uma história muito simples na qual os elementos vão sendo apresentados gradativamente, quase uma grande representação da Irene. Você vai se relacionando com ela de forma cada vez mais íntima”.
Questionados pela plateia sobre o contraste entre a resolução da história pelo amor e pela união e o momento atual de polarização no país, Gustavo Pizzi e Karine Teles concordaram que o filme não poderia ter outro tom que não o otimista.
Para Pizzi, “a polarização só serve para um grupo estabelecido que está no poder, pois você acaba com o diálogo, com a possibilidade de argumentação”, enquanto Teles afirmou que “a gente não pode, nesse momento, fazer um filme pessimista. Precisamos de um filme que fale da possibilidade da mudança e da superação”.