França chama para consultas embaixador após críticas na Itália
A França convocou para consultas seu embaixador na Itália depois de uma série de "declarações desmedidas" e de "ataques sem fundamento" e "sem precedentes" de dirigentes italianos, anunciou nesta quinta-feira (7) o ministério das Relações Exteriores francês.
"Há vários meses, a França tem sido alvo de repetidas acusações, ataques infundados, declarações ultrajantes que todo mundo conhece e pode ter em mente", disse, em comunicado, o porta-voz do ministério, Agnès von der Mühll.
"Isso é sem precedentes, desde o fim da guerra (...) A última interferência é uma provocação adicional e inaceitável", acrescentou.
A gota d'água para o governo francês foi uma reunião, na terça-feira, de Luigi Di Maio, vice-primeiro ministro italiano e chefe do Movimento 5 Estrelas (M5E), com membros dos "coletes amarelos", mobilizados por várias semanas contra o presidente Emmanuel Macron.
Já na véspera, a chancelaria classificou o encontro como uma "nova provocação inaceitável".
Depois da reunião, Di Maio escreveu nas redes sociais: "O vento da mudança cruzou os Alpes. Repito: o vento da mudança cruzou os Alpes".
"Esta nova provocação é inaceitável entre países vizinhos e sócios dentro da União Europeia (UE)", comentou um porta-voz da Chancelaria francesa.
"Di Maio, que tem responsabilidades governamentais, deve velar por não afetar com suas repetidas ingerências as nossas relações bilaterais, tanto pelo interesse da França como da Itália", acrescentou.
No início de janeiro, Di Maio já havia dado seu apoio aos "coletes amarelos".
"Não cedam!", havia dito no blog do M5E, um movimento antissistema criado em 2009 em rechaço à classe política por parte dos italianos.
O movimento dos "coletes amarelos" protesta desde meados de novembro contra baixos salários e pressão fiscal.
O movimento tem entre seus seguidores simpatizantes da extrema direita. Embora profundamente divididos, continuam se manifestando todos os sábados, há 12 semanas.