França registra recorde de suicídio de policiais
Desde o início deste ano, 28 policiais se suicidaram na França —o que corresponde a 80% do total registrado em 2018. As más condições de trabalho são apontadas como causa possível, em um contexto que só piorou com as manifestações dos "coletes amarelos".
Na última quinta-feira (18) uma policial de 48 anos foi encontrada morta em Montpellier, no sul da França. Algumas horas mais tarde, um policial de 25 anos foi encontrado morto em sua casa na periferia de Paris.
A morte dos dois policiais no mesmo dia foi a gota d'água para os agentes, que pedem para ser recebidos com urgência pelo ministro do Interior, Christophe Castaner.
"O plano de combate aos suicídios na polícia deve se tornar uma causa nacional e ser decretado como uma prioridade", pediram os sindicatos da categoria por meio de um comunicado. "Medidas fortes e imediatas devem ser tomadas".
Na sexta-feira (19), policiais protestaram em diversas cidades pela França. Segundo eles, o objetivo era homenagear os colegas mortos desde o início do ano. "Os dias dramáticos seguem em um ritmo insuportável e inédito", declararam os sindicatos.
No início do mês, o ministro do Interior prometeu a implementação rápida de um plano de combate aos suicídios, iniciativa que já havia sido anunciada por seu antecessor, Gérard Collomb.
Castaner também anunciou a criação de um serviço de prevenção. O dispositivo conta com um número de telefone especial, disponível 24h, para que os agentes que enfrentam dificuldades em suas atividades possam ter um acompanhamento psicológico.
Protestos dos 'coletes amarelos'
Já em 2018 um relatório alertava para o aumento de casos de suicídio dentro da polícia francesa. Segundo o estudo, a categoria registrava um índice 36% acima da média nacional.
Os agentes apontam várias razões para explicar essa estatística, a maior parte delas ligadas às más condições de trabalho. Semanas sobrecarregadas e falta de material adequedo teriam contribuído para essa situação.
Mas a onda de protestos dos "coletes amarelos" teria piorado o trabalho dos policiais. O movimento, que começou como uma manifestação contra a alta do preço dos combustíveis e logo se tornou uma mobilização nacional contra a queda do poder aquisitivo, é fonte de stress para os policiais.
Além da sobrecarga de trabalho, as passeatas realizadas todos os fins de semana desde meados de novembro são marcadas por confrontos violentos entre manifestantes e policiais.