Futuro da Tesla e do carro elétrico passa pela China
Quem espera que a Tesla seja a salvação do automóvel e do mundo com seus modelos elétricos precisa olhar para o oriente. O futuro da mobilidade sem fumaça está na China.
Fabricantes de carros e de tecnologias voltadas à mobilidade limpa já podem se instalar naquele país sem a necessidade de ter o governo como sócio majoritário. É o primeiro passo de uma abertura gradativa de mercado.
O foco está na criação de polos industriais para produzir veículos elétricos, aproximando processos, fornecedores e fontes de energia. O ganho de escala levará à redução dos custos fabris.
Outra frente de trabalho busca alternativas para que a geração de eletricidade voltada à recarga não seja mais poluente do que os próprios automóveis.
As exportações são parte essencial do programa. A capacidade produtiva é pensada não apenas para o mercado interno.
A estratégia faz ainda mais sentido ao observar a evolução dos carros. Marcas que na década passada ousaram entrar em mercados estrangeiros com produtos ruins já oferecem automóveis de qualidade, que não sofrem tanta rejeição.
Em 2018, 1,26 milhão de veículos elétricos foram vendidos na China. É um assombro para o padrão brasileiro, mas pouco diante do total de emplacamentos: mais de 24 milhões de carros novos foram negociados por lá no ano passado.
Para crescer, é preciso lançar opções com boa autonomia entre as recargas e que custem o mesmo que veículos a gasolina.
O plano chinês contempla a produção de automóveis de menor custo. Em 2025, 20% de todos os carros vendidos naquele país terão que trazer alguma tecnologia limpa, meta que só será factível caso existam opções populares.
Portanto, a China produzirá carros não poluentes a preço acessível, prontos para ser exportados, com baixa rejeição e, principalmente, lucrativos.
Com a abertura de mercado, serão fabricados não só por empresas locais, mas também pelas grandes montadoras globalizadas.
Enquanto isso, Elon Musk, presidente da Tesla, continua a produzir os melhores automóveis elétricos do momento, e isso tem um alto preço.
Com o fim do período de benefícios fiscais nos EUA, a rentabilidade da montadora despencou: a marca não está conseguindo fechar as contas. Se aumentar ainda mais o preço de um Model 3, as vendas cairão a níveis insustentáveis.
Enquanto as gigantes fazem fusões para reduzir os custos de produção dos veículos elétricos, a Tesla segue com parcerias pontuais. O risco é ser engolida quando Mercedes, BMW, Audi e Jaguar tiverem sedãs que não emitem fumaça expostos em suas lojas.
A saída para Elon Musk é dar um jeito de reduzir seus gastos e aumentar a escala, além de conseguir mais pares dispostos a comprar suas baterias. Diante do cenário que se desenhou, a solução para os problemas da Tesla passa pela China.