Governo contraria Congresso e quer manter nome técnico em ministério cobiçado por senadores

O Palácio do Planalto quer manter o ministro Gustavo Canuto (Desenvolvimento Regional) à frente da pasta da Integração Nacional na reestruturação do primeiro escalão do governo, em discussão no Congresso.

A possível permanência de Canuto contraria a expectativa do Congresso, que costura um acordo para que o Senado indique o chefe da nova pasta.

Pela negociação, a Câmara escolheria o chefe do Ministério das Cidades, que também seria recriado a partir do desmembramento do Desenvolvimento Regional.

O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse nesta terça-feira (7) à Folha que não há definição sobre quem vai ocupar essas pastas, mas afirmou que a intenção do governo Jair Bolsonaro é deixar o Ministério da Integração nas mãos de Canuto —um nome técnico que foi chefe de gabinete da pasta de 2015 a 2017.

“O ministro Canuto permaneceria na Integração Nacional", declarou Onyx. “A escolha para Cidades é algo que ainda será definido em conversas com o presidente Bolsonaro."

O chefe da Casa Civil confirmou que está em discussão a possibilidade de líderes da Câmara indicarem o ministro das Cidades. Nos bastidores, esse caso é tratado como um esforço do Planalto para dar prestígio aos deputados e facilitar a articulação do governo Bolsonaro no Congresso.

O nome mais cotado para o Ministério das Cidades é o do ex-deputado Alexandre Baldy, filiado ao PP. Atualmente, ele é secretário de Transportes Metropolitanos do governo de São Paulo. Baldy é considerado uma indicação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de quem é aliado.

Os senadores chegaram a discutir a escolha de Fernando Bezerra (MDB-PE), atual líder do governo na Casa, como futuro ministro da Integração Nacional. Ele comandou a pasta de 2011 a 2013, no primeiro mandato de Dilma Rousseff (PT).

Há três caminhos em negociação: o Senado pode avalizar o nome de Canuto para o ministério; o Planalto pode ceder e permitir a indicação de Bezerra Coelho para a pasta, deixando Canuto em uma de suas secretarias; ou o governo pode manter Canuto como ministro e entregar aos senadores outra vaga na Esplanada. Uma possibilidade é abrir espaço no Ministério do Turismo.

De acordo com a coluna Painel, o presidente pode aproveitar a mudança na estrutura do governo para fazer uma minirreforma do primeiro escalão e desalojar o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, do PSL.

Ele é investigado pela Polícia Federal em Minas Gerais por suspeita de liderar um esquema de financiamento ilegal de candidaturas de laranjas em 2018.

Onyx afirmou que a decisão de desmembrar o Ministério do Desenvolvimento Regional também teve razões técnicas. Segundo ele, havia uma sobreposição de funções na pasta.

"O Ministério das Cidades se dedicava a questões mais urbanas, enquanto a Integração Nacional se concentrava em assuntos muito mais ligados a regiões específicas do país. Desta maneira, poderemos atender melhor às demandas da população", declarou.

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