Governo da Nicarágua e oposição definem rota para diálogos de paz
O governo do ditador Daniel Ortega e a oposição romperam o impasse nas conversas em busca de uma solução para a crise política na Nicarágua, na noite desta terça (5). As partes definiram um caminho para as negociações, que terá representantes das igrejas católica e evangélica como testemunhas, mas não como intermediadoras.
O acordo foi alcançado após cinco rodadas de diálogo entre o regime e a opositora Aliança Cívica pela Justiça e a Democracia (ACJD), com a participação do núncio (embaixador da Santa Sé) apostólico, Waldemar Stanislaw Sommertag, como observador.
Os diálogos haviam começado em 27 de fevereiro, no Instituto Centro-Americano de Administração de Empresas, localizado 15 km ao sul da capital, Manágua, depois que o governo do país libertou cem pessoas que a oposição considera prisioneiros políticos.
O prazo para o acordo final é 28 de março. Além da liberação de presos políticos, a oposição exige a antecipação das eleições presidenciais, marcadas para 2021, e pede ainda “o restabelecimento das liberdades, direitos e garantias estabelecidas pela Constituição".
As partes convidaram o núncio a continuar como "testemunha e acompanhante internacional" do diálogo, além do cardeal Leopoldo Brenes, presidente da Conferência Episcopal da Nicarágua, e do pastor Ulises Rivera, coordenador dos pastores evangélicos.
O país atravessa uma crise política profunda desde que o ditador Daniel Ortega tentou realizar uma reforma previdenciária em abril de 2018, provocando protestos em massa.
A repressão à onda de manifestações contra o governo deixou pelo menos 325 mortos, mais de 700 detidos e milhares de exilados em países vizinhos, de acordo com organismos de defesa dos direitos humanos.