Governo de SP fará 'entrevista de emprego' com dirigentes de escola
Com discurso de foco na gestão, o governo João Doria (PSDB) vai implementar um novo sistema de seleção de cargos de chefia na educação em São Paulo.
O programa, ao qual a Folha teve acesso, começará por dirigentes regionais, que comandam grupos de escolas, e posteriormente se estenderá para diretores, vices e supervisores.
A iniciativa, chamada Líderes Públicos, é uma parceria entre a Secretaria Estadual da Educação, sob comando de Rossieli Soares, e a Aliança, uma reunião de quatro organizações (Fundação Brava, Fundação Lemann, Instituto Humanize e Instituto República).
Elas também atuam em iniciativa similar anunciada recentemente no Rio Grande do Sul.
De acordo com a pasta, o acordo com as entidades não tem custo para o estado de São Paulo.
O novo sistema de avaliação começará a ser implantado com os 91 dirigentes regionais de ensino.
Segundo Soares, o processo acontecerá em duas etapas. Na primeira, ele e o secretário-executivo, Haroldo Corrêa Rocha, conversarão com cada um dos ocupantes dos cargos.
Nesses encontros, serão avaliados os planos de trabalho que eles já elaboraram a pedido da nova gestão da pasta.
Em uma segunda etapa, os dirigentes passarão por uma entrevista conduzida por profissionais da Aliança que irá avaliar competências.
Entre elas, o secretário cita capacidade de tomada de decisões, liderança, engajamento, resiliência e não acomodação com resultados. "São competências importantes para qualquer posição de liderança, inclusive no setor privado", diz.
Com base no resultado das conversas e também no currículo e no histórico de realizações profissionais, a secretaria irá decidir se eles permanecem ou serão dispensados.
Quem sair deverá voltar aos seus cargos de origem, como os de diretor de escola, por exemplo.
Segundo o secretário, gestores que atuam em regiões com mais dificuldades terão esse aspecto levado em conta na decisão final.
"A avaliação não tem o objetivo de necessariamente trocar profissionais, mas também de dar um retorno a eles", diz.
Já há cinco cargos de dirigente regional vagos por aposentadoria ou licença. Esses postos e os de outros profissionais que eventualmente forem dispensados serão preenchidos por processo seletivo nos mesmos moldes.
A ideia é que o processo de avaliação de competências se repita nos anos seguintes, diz Soares.
Após a seleção de dirigentes regionais, diretores de escola não concursados passarão pelo mesmo processo.
Os chamados "diretores designados" são outros profissionais da rede, como professores, que não passaram por concurso específico para o cargo de diretor.
Há, atualmente, 1.597 profissionais com esse perfil na rede estadual, que tem 5.400 escolas.
Quem está no cargo de diretor por concurso não passará pelo processo. O mesmo valerá para os supervisores de ensino —só os 621 designados serão avaliados pelo programa.
O mandato de Doria é o sétimo seguido do PSDB no estado. A liderança no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), foi perdida na gestão do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB).
São Paulo ficou para trás tanto em duas etapas do ensino fundamental quanto no ensino médio, onde a situação é mais grave. Mesmo quando liderava no índice, o estado ainda se mantinha em patamares considerados baixos.