Grupo Especial do Rio | Suor, pouca luz e festa

Os torcedores da Mangueira, vencedora do Grupo Especial das escolas de samba do Rio, e os moradores da comunidade da zona norte, que dá nome à agremiação, mostraram na noite de hoje o que é amor por uma escola. Chegaram antes mesmo de o resultado sair e encheram a quadra, que tem capacidade para 9.000 pessoas, e aguentaram um calor absurdo já que, sem energia elétrica por três horas, o lugar ficou sem ventilação artificial e natural - o teto da escola é retrátil. O fornecimento de eletricidade ficou intermitente durante toda a noite.

Nada abafou os gritos de "é campeã", que intercalavam com o samba enredo, que exaltou os esquecidos pela história do Brasil. O público também lembrou de mandar recados ao presidente Jair Bolsonaro e ao prefeito do Rio Marcelo Crivella, mandando ambos chuparem caju.

Carnavalesco da escola, Leandro Vieira afirmou que o enredo foi também um aviso.

"É um recado político para o país todo, que tem que entender que isso aqui é importante. É um recado político também para o presidente mostrar que o Carnaval é isso aqui", afirmou. 

Quando a taça chegou à quadra, o público foi ao êxtase. Ela chegou quase duas horas depois do término da apuração. Um dos que pode levar o troféu em uma parte do trajeto até o palco foi Deivid Domenico, um dos autores do samba.

"A gente contou a real, contou a verdadeira história do povo brasileiro. Me sinto com alma lavada e espero que o samba e o Carnaval Campeão da Mangueira sejam instrumentos de reflexão para o povo brasileiro", declarou Domênico, que é funcionário dos Correios há 21 anos e trabalha como motorista de aplicativo para complementar a renda. 

Monica Benício, viúva de Marielle Franco, subiu ao palco da quadra da Mangueira e foi ovacionada. A vereadora assassinada foi homenageada pela escola.

"Viva Marielle. As nossas vidas importam. Marielle presente! Muito obrigada, parabéns nação mangueirense", disse Mônica sendo acompanhada pelo público com gritos de Marielle presente.

Entre os personagens da escola que estavam na quadra estava o ex-presidente da Mangueira, Elmo José dos Santos também lembrou da dificuldade que a escola enfrentou para realizar esse carnaval.

"A Mangueira passou o momento mais difícil da vida dela. Teve vários problemas com seu presidente. Teve todo seu dinheiro bloqueado, a diretoria e a velha guarda pagaram suas fantasias. As baianas pagaram suas sandálias e um caminhão. Mas a escola se juntou, botou a faca nos dentes e foi para frente."

Teresinha Paiva, da coordenação da escola, 40 anos de Mangueira, também lembrou das dificuldades.

"Para todas as escolas foi difícil. Sem ajuda, um prefeito que não aceita nada disso, que não entende que o Carnaval é a cultura do nosso país, que gera turismo. A Mangueira é conhecida mundialmente. Nosso carnavalesco é de uma capacidade imensa", elogiou.

Pelo público que ainda se aglomerava na quadra com mais de cinco horas de festa, além de uma multidão do lado de fora, fechando as ruas e até um viaduto, o perrengue passou e é hora de cantar a plenos pulmões o samba marcante da escola. "Brasil chegou a vez de ouvir as Marias, Marins, Marielles Malehs".

Source Link

« Previous article Senadora americana afirma que foi estuprada quando serviu na Força Aérea
Next article » Xiaomi Redmi 7 leaks in video hands-on, specs revealed