Guaidó faz peregrinação por apoio na América Latina; retorno a Caracas é incerto
O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, esteve nesta sexta-feira (1º) na Argentina e no Paraguai, em seu tour latino-americana para pedir apoio para a remoção do ditador Nicolás Maduro e para a condução de uma transição democrática em seu país.
Neste sábado (2), estará em Quito, no Equador, a convite do presidente Lenín Moreno. Depois, seguirá para o Peru, para uma reunião com o mandatário Martín Vizcarra. Antes, esteve em Bogotá reunido com chanceleres do Grupo de Lima e em Brasília, para visita ao presidente Jair Bolsonaro.
“Essa viagem pelos países da América Latina tem como objetivo expor a crise humanitária e a brutalidade do regime, como se viu em Cúcuta [Colômbia]”, disse Guaidó, em Buenos Aires.
Ele afirmou ainda que seu “tour internacional é um passo a mais na integração regional, a causa da Venezuela estimula o diálogo na região”.
O oposicionista também comentou sobre a opção de uma intervenção militar para derrubar Maduro.
“Já não há paz na Venezuela, só há paz nos cemitérios. Mas também não podemos pedir a solução militar enquanto for possível acabar com a usurpação de poder pela pressão, e ainda não descartamos essa via.”
A hipótese, apesar de sugerida por Guaidó e outros membros da oposição, como o ex-presidente da Assembleia Nacional, Julio Borges, foi rejeitada pelo Grupo de Lima.
Em Buenos Aires, Guaidó foi recebido na residência oficial de Olivos pelo presidente Mauricio Macri.
O mandatário argentino, conhecido por seus enfrentamentos verbais com Maduro, voltou a criticá-lo na manhã desta sexta, em seu discurso de abertura do ano legislativo na Argentina.
Além de pedir a redemocratização do país, Macri aproveitou para atacar sua antecessora, Cristina Kirchner, que deu a Maduro uma das principais condecorações argentinas, a medalha da Ordem do Libertador San Martín.
Do lado de fora da residência de Olivos, havia venezuelanos que residem na Argentina para cumprimentá-lo. Segundo estimativas da Chancelaria argentina, há cerca de 80 mil venezuelanos que pediram residência no país desde que a crise se agravou.
No Paraguai, Guaidó foi recebido pelo presidente Mario Abdo Benítez, no Palácio de López (sede do governo), em Assunção. Ali, pediu ao mandatário paraguaio que seu país não pague a dívida de US$ 320 milhões que tem com a petrolífera estatal venezuelana PDVSA.
“De que nos serve que o Paraguai nos pague agora? Não há nenhuma possibilidade de que esse recurso seja bem utilizado. Com esse dinheiro, Maduro comprará armas para suas milícias e assim manter o controle da população.”
Sugeriu, então, que essa dívida fosse congelada até uma possível transição.
Apesar de já estar fora de seu país há uma semana, Guaidó disse que voltará logo.
“Nas próximas horas”, afirmou, em sua partida de Assunção, ainda que tivesse mais três países na fila de visitas.
Acrescentou que, quando chegar a Caracas, irá anunciar novos atos e manifestações.
O modo como ele regressará ainda é uma incógnita. Impedido por ordem da Justiça venezuelana de deixar o país, enfrentará a possibilidade de ser preso.
Tem reafirmado, porém, que gostaria de entrar pelo aeroporto de Maiquetía, em Caracas, e não numa travessia clandestina pela fronteira da Colômbia, que foi o modo como chegou a Cúcuta no último dia 23.