Guedes desistiu de participar de debate na Câmara à espera de clima político melhor, diz líder do governo
O líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), disse que o ministro Paulo Guedes (Economia) aguarda uma melhoria no clima político para ir ao Congresso defender a reforma da Previdência, o que deve, segundo ele, acontecer na próxima semana.
Horas antes de reunião com a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, Guedes cancelou, nesta terça-feira (26), a participação na audiência.
A CCJ é a primeira etapa da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que endurece regras para aposentadorias.
“A não vinda do ministro não significa um desrespeito ao Parlamento ou a essa comissão, foi feita uma avaliação no Ministério da Economia de que estamos vivendo esse clima entre Legislativo e Executivo”, disse Vitor Hugo.
A declaração do líder do governo contradiz o argumento oficial do cancelamento. “A ida do ministro da Economia à CCJ será mais produtiva a partir da definição do relator”, informou, em nota, o Ministério da Economia.
Mas, segundo Vitor Hugo, “seria mais oportuna a vinda [do ministro à CCJ] numa oportunidade em que o clima estivesse melhor”.
O presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), declarou não saber os motivos da desistência de Guedes. “Talvez esperar um momento político melhor”
Francischini e o líder do governo esperam que o ministro possa comparecer à comissão na próxima semana.
O secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, foi à comissão como substituto de Guedes nesta terça.
A troca, no entanto, é contestada pela oposição ao presidente Jair Bolsonaro.
“Argumentar que a crise política impede a vinda do ministro eu acho que é um desrespeito ao Parlamento”, afirmou o deputado José Guimarães (CE), vice-líder do PT.
“Como ele [o ministro] não consegue explicar a reforma da Previdência, ele foge”, disse a líder da minoria, Jandira Feghali (PcdoB-RJ).
Diante do recuo de Guedes, oposicionistas querem aprovar uma convocação do ministro.
Membros da CCJ dos partidos PRB e Novo defendem que Marinho, que já está na comissão, possa ser ouvido. No entanto, ainda exigem um encontro com Guedes antes de votar a PEC da reforma da Previdência.