Haddad atribui delação a cancelamento de obra em SP
O ex-prefeito Fernando Haddad (PT), candidato a vice-presidente na chapa do ex-presidente Lula, atribuiu a citação ao seu nome na delação do ex-presidente da UTC Ricardo Pessoa ao cancelamento de um contrato durante sua gestão à frente da Prefeitura de São Paulo.
Haddad afirmou que Pessoa “é um corrupto confesso” e que “já mentiu nove vezes”, em referência ao arquivamento de inquéritos abertos com base no acordo de colaboração premiada do empreiteiro.
“No meu caso, ele tinha razão para mentir. Com 44 dias de meu governo, eu cancelei uma obra bilionária da UTC e da Odebrecht, do túnel Roberto Marinho. Cancelei porque meu secretário me trouxe a informação de que essa obra estava superfaturada”, disse o ex-prefeito, em entrevista coletiva.
O candidato do PT foi denunciado por suposto uso de caixa dois para pagamento de dívida da campanha eleitoral de 2012, na qual foi eleito prefeito. Em razão dos mesmos fatos, ele também foi alvo nesta terça de uma ação civil pública por improbidade administrativa.
De acordo com apuração feita pela Polícia Federal durante a Operação Cifra Oculta, nos primeiros meses de 2013 —quando Haddad já havia assumido o mandato—, o então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, pediu ao executivo da UTC, Ricardo Ribeiro Pessoa, dinheiro para pagar dívidas de campanha do petista.
“Como um prefeito que cancela uma obra superfaturada passa por um constrangimento desse, em vez de receber do Ministério Público os devidos agradecimentos por ter salvo algumas centenas de milhares de reais?”, declarou.
Ele evitou dizer de forma clara que se vê intenção política nas ações. “A gente fica achando... O que está por trás disso a 45 dias da eleição?”, afirmou.
A assessoria de Haddad diz que tem demonstrado com documentos que todo o material gráfico produzido em sua campanha foi declarado e que não havia razão para receber qualquer recurso não declarado da UTC.
Sobre a suspeita de favorecimento da empreiteira, a assessoria diz que a UTC teve interesses confrontados logo nos primeiros dias da gestão Haddad “principalmente com a suspensão da construção do túnel da avenida Roberto Marinho, cuja obra mostrava indícios claros de sobrepreço”.
Haddad negou também que o PT tenha pago influenciadores digitais para elogiarem candidatos petistas.
“Apuramos o que foi possível. Checamos com as tesourarias do partido se foi destinado algum recurso para essa destinação. A resposta foi negativa. Não foi usado recurso do PT para uso como esse até onde vão nossas informações”, disse ele.