Inanição do Palmeiras cai contra juventude são-paulina
O Palmeiras teve o melhor ataque do Brasileiro de 2018 e possui a segunda defesa menos vazada do Brasil em 2019. Mas não faz gol. Foram 24 marcados em 19 jogos antes de entrar em campo no Choque-Rei deste domingo (7). Levando em conta que cinco deles aconteceram contra o Novorizontino, foram 19 anotados em 18 partidas. É média pouco superior a um gol por rodada. Pouquíssimo.
O São Paulo marca menos ainda. Fez 16 nos primeiros 19 jogos deste ano. A inanição dos dois times neste ano justifica a série de duas semifinais com o placar de 0 a 0.
A diferença é a expectativa, porque com Dudu, Ricardo Goulart e Scarpa, imagina-se um meio de campo poderoso, capaz de servir o ataque em abastança. Ao contrário, há abstinência. É mais grave o campeão brasileiro sofrer de inapetência ofensiva do que o São Paulo, depois da eliminação da Libertadores e da crise por que passou nestes três primeiros meses.
É justo dizer que o Palmeiras teve mais controle e mais do que o dobro de finalizações no clássico. A posse de bola são-paulina foi inferior a 50% e, na maior parte, deu-se com passes atrás do meio.
A estratégia de Cuca era de atrair o Palmeiras, tirar espaço e contra-atacar. Assim, numa troca de passes curtos, Antony quase marcou no final do primeiro tempo.
Se o gol não saísse, a aproximação dos pênaltis irritaria a torcida palmeirense. O empate terminaria com a sequência de derrotas consecutivas no Allianz Parque e permitiria a decisão nas imprevisíveis penalidades máximas.
De certo modo, repetiu a tentativa do Corinthians contra o Flamengo, nas semifinais da Copa do Brasil do ano passado. Lembra de Jair Ventura segurando o resultado? Cuca não estava insatisfeito com o 0 a 0. Nem precisava.
O Palmeiras foi ligeiramente melhor do que o São Paulo na partida como mandante, assim como o São Paulo foi ligeiramente superior nove dias atrás, no Morumbi. Mas a pergunta é por que há tão pouca diferença entre uma equipe montada desde o ano passado, como a palmeirense, e outra que se transforma semana a semana, com três treinadores no quarto mês do ano.
Houve empate até nos gols anulados pelo assistente de vídeo. Liziero para o São Paulo, Deyverson para o Palmeiras.
O Palmeiras tem problemas táticos importantes, como as raras infiltrações em tabelas pelo lado do campo. Neste domingo, até houve mais parceria de Mayke com Scarpa, mas Dudu seguiu sozinho pela esquerda. Por isso, faltam gols.
Felipão argumenta que todos os treinadores trabalham nos treinamentos com triangulações. A questão é que isso não se percebe no jogo do Palmeiras de 2019. Percebia-se na campanha do título brasileiro.
O São Paulo rejuvenesceu com Antony, Igor Gomes, Liziero e Luan. Ficou mais dinâmico, mais combativo e veloz. Conseguiu seu primeiro empate como visitante no Allianz Parque e dá esperança de uma equipe mais sólida ainda no Brasileiro.
Palmeirenses reclamarão que sua cobrança é maior. Claro. Investimento, título brasileiro, o desejo de ser hegemônico, tudo isto aumenta a expectativa sobre o time.
O Santos de 2011 foi campeão com três técnicos diferentes e Muricy no fim. O São Paulo pode repetir isso com Cuca em 2019.