Inconsistências sobre bens decorrem de demora cartorial, diz presidente do Senado

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou nesta segunda-feira (25) que declarou à Justiça Eleitoral bens que estavam a seu dispor durante a carreira política.

Segundo ele, "eventuais inconsistências" em suas declarações são culpa da morosidade de cartórios.

A Folha mostrou nesta segunda-feira (25) que Davi ocultou da Justiça Eleitoral vários imóveis em pelo menos seis das sete eleições que disputou em quase 20 anos de carreira política.

Os documentos obtidos pela reportagem mostram que desde o final dos anos 1990 até pelo menos 2015 há registros de aquisições imobiliárias feitas pelo senador no centro e em condomínios residenciais da cidade.

"Em relação à matéria publicada no jornal Folha de S.Paulo e reproduzida por outros meios de comunicação, o senador Davi Alcolumbre esclarece ter declarado à Justiça Eleitoral todos os bens imóveis de sua propriedade que estavam ao seu dispor no momento do registro de todas as suas candidaturas. Eventuais inconsistências das informações prestadas pelo cartório de imóveis se deu pela demora no registro das respectivas escrituras de compra e venda ou na sua assinatura, decorrente também do natural percurso do tempo exigido para o cumprimento das obrigações constantes dos contratos de promessa de compra e venda", diz a assessoria de imprensa da presidência do Senado em uma nota divulgada no início da noite desta segunda.

Segundo o comunicado, Davi "reafirma seu compromisso em defender a transparência" e se coloca à disposição para esclarecer detalhes das transações imobiliárias questionadas pela reportagem. "Todas absolutamente compatíveis com os seus rendimentos", afirma.

A Folha enviou no dia 8 de fevereiro à assessoria do presidente do Senado questionamentos específicos sobre os imóveis e as razões de eles não terem sido informados por Davi Alcolumbre à Justiça.

Não houve resposta até a publicação da reportagem, nesta segunda.

"A existência dos bens imóveis em seu nome no Cartório de Registro de Imóveis e nos Cartórios de Notas da Capital do Amapá, de acesso geral, atestada por documentos dotados de fé-pública obtidos pela própria reportagem, demonstra, de plano, a impossibilidade da ocultação ou omissão de bens pretendida pelo veículo de comunicação", disse na nota.

A legislação eleitoral exige que todos os candidatos tornem públicos seus bens. Omissão ou declaração falsa pode ser punida.

A maioria dos colegas de Davi procurados ao longo desta segunda-feira informou que não havia tido acesso ao conteúdo da reportagem e, por isso, preferia não comentar.

Dos 16 senadores procurados, o único que se manifestou foi o líder do PSL, Major Olímpio (SP).

"Não creio que tenha premeditado ocultar patrimônio. A própria matéria diz que sua família tem bens, não entendo qual seria o objetivo dele em esconder algo", afirmou o senador, que disse acreditar que Davi faria eventuais retificações em sua prestação de contas.

O único partido que foi às redes sociais se manifestar foi o PSOL, que não tem senadores eleitos.

"'Nova política' a todo vapor: o novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, ocultou imóveis da Justiça Eleitoral e da população durante anos. E a mamata segue acabando...", diz o PSOL na publicação.

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