Indicadores desta eleição tiveram sinais trocados e abrem chance de retomada
A trajetória recente de indicadores, como a do câmbio, a do CDS (seguro contra inadimplência) e a da Bolsa apontam para um possível destravamento de consumo e de investimentos, segundo analistas de mercado.
A evolução desses números durante as eleições deste ano não foi apenas diferente, mas o oposto daquela observada no pleito de 2014.
Na disputa de quatro anos atrás, os indicadores começaram estáveis e pioraram depois do primeiro turno. Já neste ano, melhoraram com a proximidade da votação.
A taxa de câmbio, o Ibovespa e o CDS terminam em níveis melhores que os do começo da campanha eleitoral, segundo levantamento da Tendências Consultoria.
“É um cenário positivo de saída da eleição. Sinaliza que as empresas poderão dar um prêmio de risco mais baixo, com tendência de juros menores para captar”, diz Silvio Campos Neto, responsável pela análise.
O fato da curva do dólar ser de queda também faz com que haja menos pressão inflacionária, segundo Michael Viriato, do Insper.
“Essa mudança de direção da taxa de câmbio é o principal efeito para as famílias porque afeta o preço de produtos que dependem de importação”, afirma o professor.
Há a expectativa ainda de uma retomada de aportes em capacidade produtiva, segundo Marcel Balassiano, professor da Fundação Getulio Vargas.
“Desde o começo de 2018 os investimentos foram fracos porque se esperava passar as eleições e uma diminuição das incertezas. Elas ainda existirão, mas serão de outra natureza”, afirma.
Exercício gourmet
A BodyTech tem fechado unidades de sua rede de academias de menor tamanho e custo —a Fórmula— para priorizar aberturas de sua marca tradicional, segundo o diretor-executivo, Luiz Urquiza.
“Mantivemos o número de operações do grupo em 2018, mas diminuímos os pontos da Fórmula de 46 para 39 com fechamentos ou migrações para a bandeira principal, que hoje soma 64 academias”, diz.
O objetivo para 2019 é abrir ao menos seis unidades da BodyTech e continuar a encerrar unidades da marca mais popular, que terminará o ano que vem com 30 pontos. Os investimentos deverão girar em torno dos R$ 30 milhões.
“Nossa prioridade é ampliar a atuação em grandes centros. Abriremos em Campinas (SP), Cuiabá, Manaus, Rio de Janeiro e São Paulo.”
A companhia projeta alta de 6% em receita neste ano, impulsionada por promoções.
R$ 464 milhões
foi a receita da marca em 2017
103
são as academias
Alta de um homem só
O número de certificações de energia limpa pulou de 230 mil no ano passado para 1,3 milhão em 2018.
A compra de eletricidade de geração eólica ou solar não garante que o recurso virá de fonte renovável, segundo Fernando Giachini Lopes, sócio da certificadora Totum.
Caso a empresa de eletricidade limpa não consiga entregar todos os megawatts, ela pode adquirir o que falta para completar seu contrato de outra origem, como de usinas de carvão ou gás.
“Com a certificação, o gerador mostra que de fato houve injeção de energia no sistema”, afirma Lopes.
A alta deste ano é decorrência de uma única grande compra: a Vivo fechou um contrato para obter 1 milhão de certificações.
1,32 milhão
De certificados foram comercializados em 2018
Produto demais
O nível de estoque dos comerciantes está acima do adequado para 27,6% dos empresários, segundo a CNC (Confederação Nacional do Comércio).
Mesmo com a leve melhora no varejo em 2018, o percentual é praticamente igual ao registrado no mesmo período de 2017.
“O número estava na casa dos 25% em fevereiro deste ano, mas subiu com a greve dos caminhoneiros em maio e não voltou a retroceder”, diz Fabio Bentes, economista-chefe da entidade.
“O cenário não deverá melhorar muito até dezembro. A tendência é que, para o varejo, o ano já tenha acabado.”
O índice da CNC que mede o nível de investimento dos comerciantes teve a sexta variação negativa seguida, de 0,2%, em outubro.
No acumulado desde maio deste ano, quando ocorreu a crise causada pela paralisação dos caminhoneiros, a retração é de 3,3%.
O lado comercial de ter lado
Cerca de 69% dos consumidores no Brasil compram ou boicotam produtos de uma marca devido a suas manifestações políticas ou sociais, segundo o grupo de comunicação Edelman.
Houve um crescimento de 13 pontos percentuais em relação ao nível registrado no ano passado. A companhia consultou aproximadamente 40 mil pessoas em oito países diferentes.
O Brasil só ficou atrás da China, que saltou de 73% no ano passado para 78% em 2018.
Quase dois terços (63%) dos brasileiros entrevistados dizem acreditar que marcas podem ser mais eficientes ao resolver impactos sociais do que os governos, de acordo com o grupo.
com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas