Japão começa recuperação de área afetada por enchentes; mortos chegam a 155
O governo do Japão enfrenta dificuldades para recuperar a infraestrutura da região afetada no fim de semana por tempestades que deixaram ao menos 155 mortos, no maior desastre climático a atingir o país em 36 anos.
Segundo as autoridades, 67 pessoas continuam desaparecidas. Embora a energia elétrica tenha sido restabelecida na área de Kurashiki, a mais atingida, 200 mil pessoas estão sem água em meio ao calor de mais de 30°C.
O porta-voz do governo, Yoshihide Suga, disse que quase 8.400 pessoas permaneciam em refúgios. Cerca de 75 mil policiais, bombeiros, soldados e agentes da Guarda Costeira participam das buscas por desaparecidos.
O primeiro-ministro, Shinzo Abe, cancelou uma viagem à Europa para acompanhar a resposta à tragédia. O governo destinou 70 bilhões de ienes (R$ 2,4 bilhões) para a reconstrução e outros 350 bilhões (R$ 12 bilhões) de reservas.
O desabastecimento de alimentos e remédios se agrava devido à destruição dos estabelecimentos comerciais e à dificuldade de acesso. As principais transportadoras de carga suspenderam suas entregas nas áreas alagadas.
Para assegurar o abastecimento de combustível, caminhões-tanque foram levados por militares.
Os trabalhos de limpeza de moradores e socorristas prosseguiam nesta terça-feira (10). No bairro Mabi de Kurashiki, que teve 25% de seu território inundado pelas chuvas, a água começa a diminuir de nível, deixando uma camada de barro.
“Foi por pouco. Se tivéssemos saído cinco minutos depois, talvez não tivéssemos conseguido”, disse Yusuke Suwa, que deixou a casa na madrugada de sábado (7) após ouvir a ordem para deixar a região, que fica entre dois rios.
Tomie Takebe, 67, voltou nesta terça a sua casa pela primeira vez desde a tempestade. “Realmente não sei o que dizer. Minha geladeira... está tudo coberto de lama”, disse à AFP, enquanto familiares a ajudam a tirar objetos.
Fumiko Inokuchi, 61, procura pelas ruínas de sua casa, agarrada à foto dos filhos. No sábado estava em casa, seu marido tinha acabado de sair para o trabalho quando percebeu que ficaria bloqueada pela água.
“Me casei aqui e construímos essa casa dois anos depois do casamento, nela educamos nossos filhos, está cheia de muitas lembranças”, afirmou também à AFP. “Estou viva. Acredito na força, na resiliência dos seres humanos.”
Embora a maioria da população tenha respeitado os sinais de alerta, mais de 70% do território japonês é formado por montanhas e colinas e muitas casas estão construídas em encostas ou em planícies suscetíveis a inundações.