Jogador que é brasileiro por opção entra na lista de Tite
O belga Andreas Pereira chegou à Inglaterra em 2011, quando tinha 15 anos. A primeira pessoa que encontrou no Manchester United foi o treinador Sir Alex Ferguson, que o saudou em português.
"Eu sempre tenho espaço para brasileiros no meu time", lhe disse.
Nascido em Duffel, na província belga de Amberes, Pereira nunca morou no Brasil.
"Eu me considero brasileiro. Na minha casa, só conversamos em português", afirma o meia convocado por Tite para os amistosos da seleção contra El Salvador e Estados Unidos, em setembro. É o primeiro chamado de Pereira para a equipe principal. A notícia de que seu nome estava na lista coroou o melhor momento de sua carreira.
O último não nascido no Brasil a defender a seleção foi o italiano Francisco Police, em janeiro de 1918.
Na semana passada, Andreas começou como titular pela primeira vez no Campeonato Inglês na vitória do Manchester United sobre o Leicester. Também foi escalado neste domingo (19), na derrota por 3 a 2 para o Brighton.
Andreas vai permanecer no elenco nesta temporada, ao contrário do que aconteceu entre 2016 e 2018, quando foi emprestado para Granada e Valencia, ambos da Espanha.
Atual técnico do United, José Mourinho queria mantê-lo em 2017, mas o atleta pediu para ir ao Valencia. Sabia que se saísse teria a chance de jogar todas as semanas.
Não que ele pensasse em ficar de vez no clube espanhol. O objetivo sempre foi retornar ao United da mesma forma que o sonho era defender a seleção brasileira, apesar dos sinais de Roberto Martínez, treinador da seleção belga, de que desejava convocá-lo.
"Manchester é a minha casa. Meus amigos estão na cidade, é onde meus pais também moram. Minha irmã estuda lá. Mas o que eu sempre quis foi jogar pela seleção brasileira", disse durante a pré-temporada do time nos Estados Unidos, no mês passado.
Pereira é filho de brasileiros. Seu pai, Marcos Pereira, foi atacante que fez carreira no futebol belga após deixar a Internacional de Limeira nos anos 90.
Andreas defendeu sua seleção natal nas categorias de base mas optou pelo Brasil na Copa sub-20 de 2015. Foi quando resolveu que sua aliança estaria com a terra dos seus pais, que ele considera também ser a sua.
Meia criativo e eficiente nas cobranças de falta (ele diz se espelhar em Ronaldinho Gaúcho e Juninho Pernambucano), tem atuado em uma posição mais defensiva em Manchester, ao lado de outro volante brasileiro: Fred, que foi levado por Tite à Copa do Mundo na Rússia.
Guia do colega na cidade que considera sua casa, Andreas também fala a língua dos seus pais com Mourinho. Mas apenas quando não há ninguém por perto. O treinador estimula que os jogadores se comuniquem em inglês. Quando quer dar uma recomendação específica ao meia ou reclamar de algo, usa o português.
Andreas queria atuar na mesma posição do pai, mas descobriu cedo que não tinha velocidade ou força física para ser atacante. Também percebeu que possuía mais técnica e visão de jogo. Só poderia escolher o meio-campo. Foram as características que despertaram o interesse de Alex Ferguson há sete anos. Ele previu que o garoto, no futuro, seria um astro do Manchester United.
Melhor do que isso, para o jogador nascido na Bélgica, só ser o mesmo também na seleção brasileira.