Jogo une escape room à realidade virtual em cenário inspirado em Assassin's Creed
São Paulo
Uma sala toda preta e sem paredes divisórias em um shopping de São Paulo esconde uma missão grandiosa: encontrar um artefato escondido na pirâmide perdida de Nebka. Essa é a premissa de Escape The Lost Pyramids, primeiro escape room em realidade virtual do país, inspirado no jogo Assassin’s Creed: Origins.
A experiência criada pelo Voyager, centro de entretenimento de realidade virtual do estúdio Arvore, empresta a fórmula dos escapes rooms que se proliferaram por São Paulo nos últimos anos: os jogadores têm 45 minutos para solucionar os desafios e escapar das armadilhas da pirâmide (a reportagem levou 41 minutos e 32 segundos). Na prática, se assemelha bem mais a uma fase de um game de ação, como aquele que a inspira. Em vez de puxar cordas ou encaixar objetos, o jogador faz gestões que simulam escalar paredes e lançar flechas.
O segredo está no equipamento: um óculos de realidade virtual HTC Vibe Pro, um controle em cada mão e um computador de cerca de 3,5 quilos com alças (um pouco desconfortáveis) nas costas.
“Na realidade virtual, não há limites. Você explora uma pirâmide do Egito, passa por vários andares e desafios, não está limitado a uma salinha com uns cadeados”, afirma Ricardo Justus, presidente-executivo do Arvore.
A atração pode ser jogada em grupos de duas ou quatro pessoas, com 10 anos ou mais. Justos explica que a atração foi criada sem cenas de violência.
A história de Escape The Lost Pyramids começa em fevereiro de 1928, quando uma equipe de exploradores desaparece na península do Sinai enquanto tentava chegar à pirâmide de Nebka. Os novos exploradores entram no Animus, uma máquina que permite acessar a memória genética de antepassados, para reviver as aventuras do grupo desaparecido e encontrar o objeto que os exploradores buscavam.
Vale dizer que não é preciso conhecer o universo de Assassin’s Creed para se divertir com a experiência. Mas há referências para quem já jogou algum dos games da prolífera série criada pela Ubisoft em 2007.
“Não é uma continuação da série e sim uma experiência virtual inédita criada dentro do universo do Assassin’s Creed. Os fãs vão identificar muitos elementos, como o Animus ou a tradicional escalada”, diz Justus.
Também não é necessário ter experiência prévia com o óculos de realidade virtual. Parte da graça está em se deixar surpreender pela tecnologia, mergulhar de uma loja de shopping para o interior de uma pirâmide e descobrir na prática como navegar por ela.
Para não bater na parede ou no colega de equipe, uma grade azul mostra dentro do cenário da realidade virtual os limites do espaço real (não que isso tenha impedido a reportagem de dar algumas batidas leves com o controle na parede).
As ações (desde pegar um objeto até escalar ou lançar flechas) são comandadas por um único botão, o que torna a jogabilidade simples até para os mais inexperientes. Para andar pela pirâmide, é preciso apontar onde se quer chegar e clicar.
O jogador pode escolher entre quatro personagens (dois homens e duas mulheres) e depois segue para uma sala de customização. Parte favorita de alguns gamers mais dedicados, aqui se resume a escolha de alguns acessórios como capacetes e mochilas.
O gráfico, feito pela própria Ubisoft, desenvolvedora da série de jogos Assassin’s Creed, é de alta qualidade e é fácil sentir um frio na barriga ao chegar perto de um abismo ou se a mão escorrega durante uma escalada sem cordas. Uma conexão de wifi de 5GHz ajuda a garantir que a partida flua sem “engasgos” ou telas congeladas.
Alguns pequenos defeitos, como um momento em que a perna do personagem atravessa a parede ou um aviso de que um “screenshot” foi feito, não chegam a atrapalhar a imersão.
É possível conversar com os membros da equipe (o jogo é essencialmente colaborativo) e também com os controladores, que ficam em uma bancada ao lado acompanhando o que acontece em monitores. Quando o jogador fica perdido, é possível pedir dica ao próprio jogo, levantando os braços, ou receber uma ajudinha por mensagem ou áudio enviado pela equipe do local.
O sistema de som, contudo, poderia ser melhor resolvido. Como não são ambientes isolados, é possível ouvir pessoas de fora do jogo conversando ao lado.
Ainda sem data definida, o próximo escape da Voyager deve trazer mais uma aventura inspirada em Assassin’s Creed, desta vez encenada na Grécia antiga.
O Voyager Escape é a segunda unidade da Voyager, que já tem uma loja no Shopping JK Iguatemi, em São Paulo, com mais de 20 experiências entre games, cinemáticos e outras narrativas interativas de realidade virtual.