Justiça do México abre precedente para descriminalizar maconha recreativa

A Suprema Corte do México ordenou nesta quarta-feira (31) a liberação do uso recreativo da maconha para duas pessoas, abrindo precedente que pode levar à descriminalização desta modalidade de consumo da erva no país.

Em seu veredicto, os magistrados consideraram inconstitucional a proibição por interpretarem que os adultos têm direito ao desenvolvimento pessoal, o que leva a decidir pelo consumo de substâncias sem interferência do Estado.

“Este direito não é absoluto e o consumo de certas substâncias pode ser regulado, mas os efeitos provocados pela maconha não justificam uma proibição absoluta de seu consumo”, disse o tribunal no documento.

O governo é obrigado a autorizar os dois peticionários a consumirem a droga. Os veredictos são similares a três determinações da corte de 2015 e 2017 que, juntas, levam a uma jurisprudência a outros tribunais mexicanos.

Embora não signifique uma legalização oficial, o tribunal que receber pedido de um usuário recreativo de maconha será obrigado a concedê-lo —situação similar à casamento entre pessoas do mesmo sexo no México e no Brasil.

Favorável, a associação México Unido contra o Crime considera que o veredicto abre as portas para a legalização da cânabis e confirma que o país deve seguir o rumo da regulação das drogas para buscar a paz no país.

A gerente de política internacional da organização Drug Policy Alliance, Hannah Hetzer, considerou a aprovação extraordinária por ter ocorrido em um dos países que mais foram afetados pela guerra às drogas.

“Com a maconha quase legal no Canadá, agora os dois vizinhos dos EUA têm maconha legal, tornando a proibição do governo federal americano ainda mais insustentável”, disse.

A legalização oficial da maconha precisa passar pelo Congresso que, em junho do ano passado, liberou o consumo e o cultivo da erva e de seus derivados para uso medicinal. 

O atual Parlamento é dominado pelo esquerdista Movimento Regeneração Nacional (Morena), do presidente eleito ​Andrés Manuel López Obrador, cujos membros defenderam no passado a legalização para diminuir a violência.

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