Liberação das estradas faz setor de serviços crescer 6,6% em junho

O volume do setor de serviços do Brasil cresceu 6,6% em junho, recuperando-se da queda de 5% registrada em maio, quando ocorreu a paralisação dos caminhoneiros. O desempenho, impulsionado pela liberação das estradas, é o melhor da série histórica iniciada em 2011, informou o IBGE nesta terça (14).

Com esse resultado, houve uma redução no ritmo de queda do acumulado de 2018, que saiu de uma retração de 1,3% em maio, para um recuo de 0,9% em junho.

Expectativas de analistas eram de que o setor teria expansão de 3,2% em junho na comparação mensal, mas retração de 0,3% sobre um ano antes.

"A greve dos caminhoneiros criou um distúrbio no transporte brasileiro e desarticulou a economia brasileira", afirmou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, as destacar o forte vaivém nas atividades.

O desempenho positivo em junho foi acompanhado por quatro das cinco atividades analisadas, com destaque para a alta de 15,7% do setor de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correios. O segmento exerceu a principal contribuição para o resultado positivo do índice e foi impulsionado, sobretudo, pela liberação do fluxo de veículos nas rodovias brasileiras.

O movimento dos caminhoneiros no final de maio abalou ainda mais a confiança de consumidores e empresários no país ao prejudicar o abastecimento, afetando a atividade econômica. As expectativas de analistas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano vêm recuando, agora em torno de 1,5% depois de terem chegado a 3% há poucos meses.

Os demais resultados positivos em junho vieram dos ramos de serviços de Informação e comunicação, alta de 2,5%, de outros serviços, crescimento de 3,9% e de serviços profissionais, administrativos e complementares, com avanço de 0,4%.

Na outra ponta, os Serviços prestados às famílias recuaram 2,5% e assinalaram a segunda taxa negativa seguida, acumulando perda de 3,8%, segundo o IBGE.

Apesar do desempenho forte em junho, o setor de serviços fechou o segundo trimestre com queda de 0,3% sobre o período anterior, segunda taxa negativa seguida. Entre janeiro e março, quando comparado com o quarto trimestre de 2017, a queda foi de 0,5%.

"O cenário em vista não é de aumentos fortes, a tendência é devolução dessa alta acima da perda na série ajustada de julho", afirmou Lobo. "A conjuntura não é favorável, com eleições no horizonte que são motivo de incerteza. Julho vamos ter algum tipo de devolução (perda)", explicou ele, acrescentando que o setor de serviços estava operando no nível equivalente a 2012.

Em julho, a confiança do setor de serviços no Brasil subiu e interrompeu sequência de quatro meses seguidos de perdas, mas ainda não o suficiente para compensar a queda em junho. O Índice de Confiança de Serviços (ICS) da Fundação Getulio Vargas (FGV) chegou a 87,5 pontos, com alta de 0,8 ponto sobre junho, quando atingiu o menor nível em nove meses com impactos da greve dos caminhoneiros no final de maio, causando forte desabastecimento no país todo e desacelerando a economia.

Também em julho, outros indicadores de confiança mostraram alguma recuperação ou pararam de cair, após os efeitos mais pesados da greve dos caminhoneiros terem ficado para trás. O indicador do consumidor subiu e o da indústria, permaneceu estável.

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