Londres e Moscou voltam a trocar acusações após novo caso de envenenamento

O envenenamento de um casal no sul da Inglaterra levou nesta quinta-feira (5) os governos do Reino Unido e da Rússia a voltarem a trocar acusações sobre a responsabilidade de cada lado no caso.

Londres disse que o agente neurotóxico encontrado em Dawn Sturgess e Charlie Rowley, achados desacordados durante o fim de semana na cidade de Amesbury, foi o mesmo usado no ex-espião russo Serguei Skripal e sua filha, Iulia.   

Os Skripals foram achados também desacordados em março em um banco na cidade de Salisbury (cerca de 10 quilômetros ao sul de Amesbury) e Londres culpou Moscou pelo ataque, que desencadeou uma crise diplomática entre a Rússia e o Ocidente.

Com a revelação do novo caso, a tensão entre os dois países voltou a aumentar nesta quinta, apesar da polícia britânica ter dito que até o momento as evidências apontam que o novo envenenamento não tenha sido intencional.

Assim, a principal hipótese das autoridades é que o casal tenha sido contaminado por acaso em consequência do ataque contra Skripal. Sturgess, 44, e Rowley, 45, seguem internados em estado grave no hospital de Salisbury, o mesmo que tratou o ex-espião e sua filha —os dois se recuperaram e já foram liberados.  

“Agora é hora de o Estado russo se manifestar e explicar o que aconteceu", afirmou ao Parlamento o secretário de Interior britânico, Sajid Javid. "É completamente inaceitável que nosso povo se torne um alvo deliberado ou acidental, ou que nossas ruas, parques e cidades sejam usadas como depósito de veneno", disse.

Javid confirmou ainda que a variedade de Novichok encontrada no casal foi a mesma achada no caso dos Skripal, mas disse que os cientistas ainda tentam identificar se ambos pertencem ao mesmo lote de fabricação.

O uso de Novichok, um agente neurotóxico criado na antiga União Soviética, contra o ex-espião foi uma das principais provas usadas pelos britânicos para culpar o governo de Vladimir Putin pelo ataque, já que o país seria o único oficialmente capaz de produzir a substância. Moscou, porém, nega qualquer participação no caso.

“A Rússia negou categoricamente e continua a negar a possibilidade de qualquer tipo de envolvimento com o que está acontecendo” disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

Ele afirmou ainda que o governo russo voltou a disponibilizar uma equipe de especialistas para ajudar o governo britânico a investigar o novo envenenamento, mas a oferta foi negada por Londres —o mesmo já tinha ocorrido após o caso Skripal.

Já a porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, pediu que a primeira-ministra britânica, Theresa May, “acabe com as intrigas e os jogos de agentes químicos” e permita que Moscou ajude no caso.

“Esse governo [britânico], em especial sua liderança, um dia terá que se desculpar com a Rússia e com a comunidade internacional”, disse ela

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