Lucro do Itaú cresce 7% e fecha primeiro trimestre em R$ 6,9 bi
O lucro do Itaú Unibanco, o maior banco privado do país, avançou 7,1% no primeiro trimestre de 2019, para R$ 6,9 bilhões. É o menor percentual entre os grandes bancos privados do país: Santander e Bradesco cresceram 22% entre janeiro e março quando comparados a igual período de 2018. Os números do Banco do Brasil serão divulgados na próxima semana.
Já o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido), uma importante medida para acionistas, avançou para 23,6% e se descolou do segundo colocado, o Santander, que está em 21,1%.
A receita do banco, expressa pelo produto bancário (receita financeira, com serviços e seguros) cresceu 2,8% na comparação anual, para R$ 28,2 bilhões.
O destaque negativo foi a queda de quase 30% na margem financeira com o mercado, que é como banco aplica os recursos próprios e de terceiros que não estão comprometidos em operações de crédito.
No primeiro trimestre de 2018, a taxa Selic caiu para 6,5%, patamar em que permanece desde então, diminuindo o potencial de ganhos no mercado financeiro. Em relatório, o banco não detalhou os motivos da queda da margem com o mercado.
Já a margem financeira com clientes, que reflete o ganho com empréstimos, avançou 7,6%, para R$ 16,4 bilhões.
Em 12 meses, a carteira de crédito do Itaú cresceu 7,7% e fechou março em R$ 647,1 bilhões. O principal destaque foi crescimento na linha de cartão de crédito, 17,6%, seguido pela linha de crédito pessoal.
No setor de micro, pequenas e médias empresas, o total emprestado também cresceu 17,6%, segundo o Itaú.
Concorrentes também estão aumentando as concessões nestas linhas, que são mais rentáveis para bancos, que conseguem cobrar juros mais elevados.
Para grandes empresas, houve queda de 3%.O Itaú também enfrentou crescimento mais modesto nas receitas de serviços. O destaque é a queda de 1,7% no segmento de cartões, para R$ 3,3 bilhões.
Nesta linha entram receitas com as tarifas de anuidade, as taxas recebidas a cada vez que o cliente paga uma compra com cartão e também os ganhos com as maquininhas de cartão. O Itaú é dono da Rede e também opera no mercado com a Pop Credicard.
O banco capturou R$ 113 bilhões em suas maquininhas no primeiro trimestre de 2019, alta de 14% na comparação com igual período de 2018.
Porém, houve queda no faturamento, segundo o banco, reflexo da maior competição. O setor de maquininhas passa por uma disputa de mercado com empresas novatas, reduzindo as margens do setor.
A partir desta quinta-feira (2), a Rede passa a pagar em dois dias as vendas no crédito à vista. Tradicionalmente, o mercado repassa o dinheiro em 30 dias, mas oferece a possibilidade de antecipar os recursos a uma taxa.
Na comparação com o quarto trimestre, o lucro do Itaú avançou 6,2%. No período, houve queda de 0,9% do produto bancário, que o banco atribui a questões sazonais. As receitas tendem a ser mais robustas no final do ano, o que eleva a base de comparação no começo do ano.
O principal tombo foi na prestação de serviços, que cedeu 6,2% no trimestre, pressionada por queda nas receitas com administração de recursos e também pela menor atividade no mercado de capitais.
Os grandes bancos esperavam que a recuperação da economia levaria a uma maior atividade nesse segmento, impulsionando as receitas, o que não ocorreu com nenhum dos três grandes bancos privados.
O Itaú também registrou um aumento no custo de crédito do final de 2018 para o começo de 2019, que foi atribuído ao aumento das despesas para cobrir possíveis calotes no segmento de varejo. Diz também ter reduzido a recuperação de créditos no segmento de atacado (grandes empresas).
“A economia teve um início de ano com desempenho mais modesto do que as expectativas apontavam, refletindo, em parte, a incerteza sobre a trajetória fiscal do país. Seguimos confiantes na retomada do crescimento sustentável, para a qual é imprescindível a reforma da Previdência”, disse o presidente do Itaú, Candido Bracher, em nota.
As condições mais adversas levaram o banco a revisar parte das metas para o ano. A carteira de crédito ainda deve crescer entre 8% e 11%, mas a margem financeira deve ser menor, entre 9% e 12%.A receita com serviços, que poderia crescer entre 3% e 6%, agora tem avanço estimado entre 2% e 5%.Já as despesas não ligadas a juros ficarão maiores, entre 3,5% e 6,5%.