Macron chama franceses de 'gauleses refratários a mudanças' e gera indignação
O presidente francês, Emmanuel Macron, comparou os dinamarqueses, abertos a reformas, aos franceses, que chamou de “gauleses refratários a mudanças”, no último dia de sua visita à Dinamarca. A frase provocou uma onda de indignação na França.
Macron fez a declaração diante da comunidade francesa da Dinamarca, na quarta-feira (29), em Copenhague.
Em seu discurso, o presidente francês elogiou o modelo dinamarquês de “flexibilidade e segurança” e admitiu diferenças culturais entre os dois povos que impedem a aplicação desse modelo na França.
"Mas temos em comum o lado europeu que nos une”, afirmou Macron que tenta consolidar sua campanha pró-União Europeia contra o campo populista que ganha terreno no bloco.
Dizendo-se “irredutíveis gauleses”, numa referência ao famoso personagem Asterix, a central sindical FO, uma das mais importantes do país, convocou uma greve geral.
A central convidou nesta quinta-feira (30) os outros sindicatos da França a uma paralisação em outubro contra reformas propostas pelo governo.
No ano passado, Macron já havia afirmado que os “franceses detestam reformas”, e a comparação com os dinamarqueses veio reforçar sua imagem de “arrogante”.
“Desprezo com os franceses”
Macron tentou conter a onda de indignação provocada por sua frase dizendo que tinha sido “irônico”, mas as críticas contra ele não param neste momento em que o governo inicia negociações sociais com sindicatos e empresas. Da extrema-esquerda à extrema-direita, os líderes políticos veem um desprezo por parte do presidente.
O deputado do partido França Insubmissa, Eric Coquerel, vê na atitude de Macron uma estratégia para “desviar a atenção dos franceses das dificuldades econômicas e políticas, como a demissão do ministro do Ambiente, Nicolas Hulot."
Outro deputado do partido de extrema-esquerda, Alexis Corbière, denunciou no Twitter, “uma tolice desconcertante.”
O líder do partido conservador Os Republicanos, Laurent Wauquiez, avalia que o presidente não está à altura do cargo. “Com esta frase, Macron alimenta uma caricatura absurda feita constantemente sobre os franceses. Ele não entendeu nada sobre o papel de um presidente no exterior”, disse.
A presidente do partido Reunião Nacional de extrema-direita, Marine Le Pen, disse que “como sempre, Macron despreza os franceses fora do país.” “Os gauleses terão prazer em responder a sua arrogância.”