Maduro pede ajuda à Opep contra sanções dos EUA, mas organização ignora
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, apelou à Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) contra as sanções impostas pelo governo americano ao petróleo venezuelano, apontando seu reflexo no preço do barril e chamando a atenção para o suposto risco que apresentariam aos demais membros do grupo.
O pedido de apoio foi feito por Maduro em carta obtida pela Reuters e endereçada a Mohammad Barkindo, secretário-geral da Opep, em 29 de janeiro, um dia após os Estados Unidos anunciarem sanções financeiras à PDVSA, estatal petrolífera da Venezuela, impedindo o acesso do ditador à receita decorrente de exportações da commodity.
Com a intenção de ajudar o adversário de Maduro, Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional venezuelana e auto declarado presidente do país, foram bloqueados US$ 7 bilhões (R$ 26,3 bilhões) em ativos da petrolífera. Para escapar das sanções, a estatal orientou seus clientes a transferirem contas da PDVSA para banco o russo Gazprombank —a Rússia apoia o Regime de Maduro.
“Nosso país espera receber a solidariedade e o apoio pleno dos países membros da Opep e de sua conferência ministerial na luta contra a intrusão arbitrária e ilegal dos Estados Unidos nos assuntos internos da Venezuela”, escreveu Maduro.
Segundo fonte familiarizada com a situação, a organização, da qual a Venezuela é uma das fundadoras, recusou-se a tomar um posicionamento oficial, alegando que lhe caberia apenas preocupar-se com a produção de petróleo e não com política. No ano passado, a organização posicionou-se da mesma forma, esquivando-se quando o governo iraniano propôs debater as sanções americanas a Teerã.
As sanções ao país latino fizeram disparar o preço da commodity, negociada por US$ 62 (cerca de R$ 233) nesta segunda-feira (11), e interrompeu parte da operação venezuelana, com mais de 20 petroleiros venezuelanos ancorados no golfo dos EUA. Apesar disso, de acordo com analistas, há reservas internacionais e capacidade ociosa em países como Arábia Saudita suficientes para compensar a perda da exportação venezuelana.
A produção venezuelana de petróleo, que chegou a figurar entre as três maiores do mundo, vem registrando anos de retração, sem previsão de melhora. A consultora Rystad prevê a produção de 680 mil barris por dia no próximo ano, ante 1,34 milhão no fim de 2018 e 3 milhões no começo dos anos 2000.