Marcelo D2 lança seu décimo álbum acompanhado de um curta-metragem

​“Não mandaram educação, só mandaram a PM” é a primeira mensagem direta do novo disco de Marcelo D2, “Amar é Para os Fortes”, que serviu de roteiro base para um curta-metragem de mesmo nome que será lançado juntamente com o álbum nesta quinta (30), exclusivamente para a plataforma Apple Music. 

​D2 explica que já tinha a ideia formada de produzir um disco diferente do formato convencional desde seu último trabalho, “Nada Pode Me Parar”, de 2013.

“Estava um pouco cansado desse método tradicional de se fazer música. Queria dar um passo à frente, então resolvi pensar em composições musicais que estruturassem um roteiro audiovisual e estabelecessem entre si um diálogo”.

A produção do álbum, que contém dez faixas, ficou por conta do curitibano Nave, de Mário Caldato Jr, e teve a participação do próprio D2.

Segundo o rapper carioca, a ideia do título —marcante e necessário para a atualidade—, em suas palavras, veio de uma conversa de bar, onde ele e João Velho, filho de Cissa Guimarães, dissertavam sobre a violência.

“No mesmo dia, aconteceram duas coisas. O João estava indignado porque a pena decretada para o sujeito que matou seu irmão foi bem abaixo da que a família esperava. Somado a isso, uma amiga próxima havia morrido com um tiro na cabeça. Daí ele se virou, emocionado, e disse que o amar é para os fortes. Fiquei emocionado também e resolvi intitular o trabalho novo com esta frase.”

O processo de produção do novo disco-filme durou três anos. Segundo D2, a concepção criativa foi interrompida várias vezes pela “busca da batida perfeita”.

O músico ficou um ano estudando roteiro de cinema, fazendo cursos, acompanhando a preparação dos atores e conversando com amigos do ramo para enfim chegar a uma fórmula que satisfizesse seus anseios na nova aposta, que ele mesmo define como “algo que deveria ficar para a história pelo momento violento em que vivemos, onde amar é a maior subversão”.

Ele também ficou responsável pela direção integral do curta, que tem seus poucos diálogos guiados pelas letras do disco. 

Na figura do personagem central “Sinistro”, interpretado pelo seu filho Stephan Peixoto, ele conta ter narrado basicamente uma outra versão de si mesmo.

“Aquela história clássica do jovem pobre, que vive no morro entre tiroteios, violência e a luta para sobreviver. Uma narrativa que eu me dei conta depois ser a mesma da minha vida.”

O curta foi filmado em 30 dias, onde D2 se sentiu à vontade para experimentar suas novas ideias nos sets de filmagem.

“No começo, eu estranhei. Nunca tinha entrado em um set de filmagem com 40 pessoas. Mas depois ficou tranquilo. Pensei comigo que deveria relaxar e me divertir. As ideias foram sendo construídas e fluindo normalmente com a equipe de filmagem, que foi muito receptiva ao que propus.”

O músico também conta que para ele, prestes a completar 51 anos em novembro, o novo trabalho também é como se o vigor da juventude pulsasse novamente em suas veias, no que concerne principalmente ao espírito rebelde —presente em praticamente toda sua carreira.

Para o disco, foram usados 12 estúdios diferentes no processo de gravação. Segundo ele, a mixagem, inserção de vozes paralelas, falas de outros artistas e todo arranjo musical foi concebido separadamente, para que o produto final ficasse autêntico e explorasse diferentes métodos de concepção musical.

Artistas como Gilberto Gil, Rincon Sapiência e Seu Jorge participaram do novo álbum.

Entretanto, a nova aposta estética do rapper carioca, que também é líder do Planet Hemp, já foi utilizada por Beyoncé em 2016, quando a diva pop lançou ‘Lemonade’, disco que também acompanhou o pequeno filme homônimo de uma hora retratando a violência racial sofrida pelos negros norte-americanos.

Para D2, o formato, apesar de já não ser mais uma novidade, continua sendo ousado e busca ampliar o campo de atuação dos artistas, oferendo maiores ferramentas para tecer críticas relevantes ao quadro social que estamos acometidos. “Uma aventura com responsabilidade”, em suas palavras.

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