Médico coordena primeira cirurgia remota por meio de 5G
O médico Antonio de Lacy coordenou a primeira cirurgia remota já feita por meio de 5G nesta quarta-feira (27), em Barcelona.
Ao vivo e sobre um palco no Mobile World Congress, principal evento do mundo sobre telefonia e tecnologia móvel, o chefe de cirurgias gastrointestinais do hospital Clínic de Barcelona orientou uma equipe na sala de cirurgias por meio de uma conexão de celular feita especialmente para o teste.
Ele coordenou uma equipe de três cirurgiãs, duas enfermeiras e dois anestesistas enquanto eles faziam um procedimento para remover um tumor e os tecidos adjacentes do intestino de um paciente, voluntário para o experimento.
Numa tela sensível a toque, De Lacy podia ver exatamente o que os médicos faziam dentro do paciente –e rabiscava sobre a imagem para fazer indicações. Tudo era compartilhado para uma TV vista pela equipe na sala de cirurgias.
“A imagem é perfeita”, disse o mentor. Uma das cirurgiãs concordou. As falas vindas do hospital também podiam ser ouvidas pelo público.
As intervenções do mentor foram poucas durante o processo, que não foi totalmente transmitido para o público. De Lacy intercalou a troca de breves orientações à equipe no hospital com perguntas a convidados da área médica e de tecnologia no palco. Até o fim do experimento no evento, a operação não havia acabado.
Cirurgias remotas em si não são novidade. Existem há alguns anos e possibilitam que médicos operem pacientes a distância com auxílio de robôs ou que coordenem uma equipe para fazê-lo. “Para fazer uma cirurgia a distância, precisamos de uma conexão em tempo real, sem atrasos, sem latência, o que não conseguimos com 3G ou 4G”, afirmou De Lacy.
O 5G se refere a uma nova geração das redes de telefonia celular, mais rápida e estável do que as redes atuais. Ele suporta a conexão de um maior número de aparelhos simultâneos, o que permite uma expansão do número de dispositivos conectados –consequência da chamada “Internet das Coisas”, que liga à internet objetos tradicionalmente offline, como carros e geladeiras.
A tecnologia começou a ser implementada comercialmente no ano passado por EUA e Coreia do Sul e deve chegar a mais países neste ano. Previsão da GSMA, entidade que congrega as teles, aponta que o 5G só deve começar a ganhar relevância no Brasil a partir de 2023.