Meninos da Tailândia estão prontos para 'vida normal', diz médico após alta
Sorrindo e vestindo a camiseta dos Javalis Selvagens , os 12 meninos e seu técnico de futebol falaram pela primeira vez sobre os 18 dias que passaram presos em uma caverna na Tailândia e pediram desculpa a seus pais pelo episódio.
A entrevista coletiva realizada nesta quarta (18) em Chiang Rai foi feita logo após o grupo receber alta em do hospital onde estavam desde o resgate que terminou no último dia 10. Antes do grupo falar, um médico disse que o grupo está recuperado tanto fisicamente quanto psicologicamente e pronto para "ter uma vida normal".
Eles também estão liberados para comerem pratos típicos tailandeses, algo que eles pediam desde o início do resgate, disse um dos médicos.
Muitos dos meninos afirmaram que não avisaram os pais que iriam passear na cavenra. O grupo afirmou ainda que tentou cavar buracos para escapar, se revezando em turnos, mas que não tiveram sucesso.
Todos os 13 participaram da coletiva, assim como parte da equipe que cuidou do grupo no hospital, além do médico e dos três Navy SEALs que ficaram com eles dentro da caverna —os mergulhadores militares, porém, usaram óculos escuros e não tiveram o nome divulgado para preservarem a identidade.
Questionados pelo apresentador da coletiva, quatro afirmaram que querem ser Navy SEALs no futuro —muitos também disseram que sonham ser jogadores profissionais de futebol.
Os meninos entraram no local fazendo embaixadinhas e um vídeo mostrou eles abraçando a equipe de médicos antes de receberem alta.
O apresentador revelou que o grupo assistiu ao vivo a final da Copa do Mundo e que a maioria torceu pela França. O grupo foi convidado pela Fifa para comparecer ao jogo em Moscou no domingo (15), mas não receberam autorização médica.
Cada um dos garotos e seu treinador se apresentaram a imprensa e agradeceram a equipe de resgate e os médicos. O técnico, Ekapol Chanthawong, respondeu a maioria das perguntas, que foram enviadas com antecedência, para que os médicos pudessem vetar as questões.
Ele afirmou que a ideia de entrar na caverna foi tomada coletivamente pelo grupo e que eles nunca tinham visitado o local. Uma vez lá dentro, o grupo percebeu que o nível de água estava subindo e tentou sair nadando, mas não conseguiu, disse o treinador, que confirmou que todos sabiam nadar —durante o resgate, foi informado que parte deles não sabia.
Ekapol disse que nesse momento algum dos meninos perguntou se eles estavam perdidos, mas ele disse que não. Outro dos meninos disse ter pensado na mãe quando percebeu que estavam presos no local. Chanin Vibulrungruang, o mais novo dos garotos, com 11 anos, disse que evitava pensar em comida, em especial em arroz frito, quando estava com fome.
O médico que ficou com o grupo dentro da caverna revelou que todos estavam em um estado físico semelhante no momento do resgate e por isso a decisão de quem sairia primeiro foi tomada pelos próprios garotos, que se voluntariaram levantando as mãos.
Eles lembraram ainda de Samarn Kunan, 38, o que morreu durante os preparativos para o resgate, exibindo uma imagem do mergulhador e lendo mensagens a ele. O treinador confirmou que eles pretendem passar um tempo como monges em como forma de agradecer Kunan.
Os médicos e as autoridades afirmaram que fizeram a coletiva antes dos meninos seguirem para casa, devido ao enorme interesse provocado pela história e pediram que eles não sejam procurados no futuro.
"O motivo de se realizar uma entrevista coletiva esta noite [manha no Brasil] é que os meios de comunicação têm muitas perguntas e depois (os meninos) poderão voltar para sua vida normal, sem o assédio dos jornalistas", declarou o porta-voz do governo Sunsern Kaewkumnerd à agência de notícias AFP.
Os especialistas advertem que os jogadores dos Javalis Selvagens e seu treinador poderão sofrer transtornos em longo prazo, devido à intensa experiência vivida na caverna de Tham Luang, no norte da Tailândia.
Os médicos avisaram às famílias dos meninos, com entre 11 e 16 anos, que deverão evitar que falem com jornalistas durante ao menos um mês após o retorno para casa. A recomendação dos médicos talvez seja difícil de se cumprir, porém, diante do interesse suscitado pela história dos garotos, inclusive de Hollywood.
Autoridades afirmaram na entrevista que jornalistas deverão informar o governo caso queiram falar com um dos meninos ou com o técnico.
Após nove dias desaparecido, sem comida e sem água potável, o grupo foi localizado por mergulhadores britânicos a vários quilômetros da entrada da caverna inundada.
Os socorristas estudaram a melhor forma de tirá-los da gruta e optaram por uma operação arriscada que implicava guiar os meninos por passagens inundadas em macas. Eles foram levemente sedados para evitar que entrassem em pânico.
A operação de resgate dos Javalis Selvagens cativou o planeta e terminou em completo sucesso no dia 10 de julho.