Mercury Rev toca em SP disco de maior sucesso da banda

Ou vai ou racha.

Era esse o clima entre os integrantes da banda Mercury Rev antes do lançamento de “Deserter’s Song”, em setembro de 1998. Era o quarto disco da banda, que estava em frangalhos depois do fracasso do álbum anterior “See You on the Other Side”.

“Sim, nós iríamos nos separar depois de lançar o disco”, afirma o vocalista, Jonathan Donahue. Os discos anteriores passaram praticamente despercebidos, principalmente ‘See You…’, nós estávamos deprimidos, sem saber por que nada dava certo. Então ‘Deserter’s Songs’ era a nossa última tentativa de fazer a banda dar certo.”

E deu. Muito. “Deserter’s Songs” vendeu bem, serviu de trilha para lojas e eventos esportivos, e foi escolhido o melhor disco do ano por algumas publicações. 

Em 10 faixas (mais uma instrumental, escondida), o Mercury Rev (Donahue mais o guitarrista Sean “Grasshopper” Mackowiak, o núcleo duro da banda) construiu um disco em cima de harmonias cheias de nuances, com instrumentos como violinos, saxofones, flauta e amparadas por letras oníricas que ganham certa leveza com a voz meio aguda de Donahue.

“É o disco que teve mais resposta com os fãs, e nos impactou muito a minha vida e a banda. Tem uma emoção meio catártica, não sei. Me ajudou a seguir com a vida em uma época sombria, eu estava com depressão, triste. E não tinha muita confiança como compositor.”

Bem, “Deserter’s Songs” ajudou o Mercury Rev a seguir adiante, e neste domingo a banda toca o álbum por inteiro dentro do festival Balaclava, que será realizado no Audio, em São Paulo. Warpaint, Deerhunter e Metá Metá, entre outros, também tocam no evento.

Para Donahue, o disco “See You on the Other Side” (1995) é, até hoje, um dos melhores produzidos pelo grupo. Mas por que não deu certo? “Acho que porque à época todo mundo estava interessado apenas na briga Oasis x Blur, em britpop. Ninguém deu a mínima para um disco que tinha melodias singelas, harmonias. Queriam uma briga inflada pelos tabloides.”

O produtor de “Deserter’s Songs” (e da maioria dos discos do Mercury Rev) era Dave Friedmann. Em 1997/1998, ele trabalhou tanto no disco do Mercury Rev quanto no também elogiado “The Soft Bulletin”, do Flaming Lips. Mas a parceria com o produtor foi interrompida no último disco do MR, “The LIght in You” (2015).“Não brigamos nem nada, mas estávamos eu e Grasshopper no estúdio e Dave estava muito ocupado, então não teve como ele trabalhar conosco.”

*Ouça músicas da Mercury Rev*

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