Messi faz 1º clássico como titular na temporada onde costuma brilhar mais
Se existe um lugar no mundo onde Lionel Messi sente-se à vontade, esse lugar é o Camp Nou, casa do Barcelona. Contudo, diante do maior rival, o Real Madrid, é na capital espanhola que o argentino registra a maioria de seus gols no clássico.
Os catalães contam com essa escrita no duelo desta quarta-feira (27), pelo jogo de volta da semifinal da Copa do Rei, no Santiago Bernabéu, às 17h (de Brasília), com transmissão da ESPN Brasil. Após empate em 1 a 1 na ida, o Barcelona precisa marcar se quiser garantir um lugar na decisão do torneio.
Dos 26 gols que Messi já anotou contra o Real desde 2005, quando disputou pela primeira vez o clássico, 15 foram no Bernabéu. Palco de exibições que marcaram de forma emblemática a sua carreira.
Os dois primeiros gols em Madri aconteceram no dia 2 de maio de 2008, pelo Campeonato Espanhol. O Barcelona era líder e o rival, segundo colocado. Até então, o argentino era basicamente um ponta direita, que se movimentava do lado do campo para o meio em busca do gol ou da assistência para os companheiros Eto’o e Thierry Henry.
No dia anterior ao jogo, Pep Guardiola decidiu que implementaria uma mudança que já vinha considerando há tempos e que só havia sido testada uma vez, em vitória contra o modesto Sporting Gijón: colocar Messi como falso 9, no espaço entre os volantes e zagueiros adversários.
Guardiola então ligou para o camisa 10 tarde da noite na véspera da partida e o convocou ao seu escritório, no Camp Nou, para explicar como ele deveria se movimentar durante o jogo do dia seguinte.
“Leo, amanhã em Madri você vai começar do lado do campo, como sempre. Mas, se eu fizer um sinal, você procura as costas dos volantes e passa a se movimentar por essa área que acabei de mostrar. É a mesma coisa que fizemos em setembro passado em Gijón”, explicou o treinador ao atleta, em diálogo relatado pelo jornalista Martí Perarnau no livro “Guardiola Confidencial”.
A ideia de Guardiola se mostrou letal aos rivais, e fundamental para o crescimento de Messi.
No Bernabéu, o Real chegou a sair na frente com gol de Higuaín, mas acabou derrotado por 6 a 2 em uma das grandes exibições do Barcelona sob o comando de Pep Guardiola.
Dali em diante, Lionel Messi nunca mais foi o mesmo. Aquele ano de 2008 foi o último no qual marcou menos de 40 gols considerando o calendário de janeiro a dezembro. Mudou para melhor.
Com rápida adaptação à nova função, fez do Real Madrid nova vítima no compromisso mais importante entre as equipes na história do clássico.
Após empatarem em 1 a 1 o jogo de ida das semifinais da Champions League 2010/2011, no Camp Nou, Messi foi o dono do espetáculo mais uma vez no Santiago Bernabéu. Marcou os dois gols da vitória por 2 a 0, o segundo depois de passar por quatro marcadores antes de bater na saída de Casillas e colocar o Barcelona na final -vencida após superar o Manchester United, em Wembley.
Em março de 2014, marcou pela segunda vez na carreira -a primeira em Madri- três gols em um mesmo jogo contra o rival, além de dar uma assistência para Iniesta. O Real era líder do Espanhol, mas a derrota por 4 a 3 fez com que o clube ficasse empatado com o Atlético, que mais tarde conquistaria o título.
Três anos depois, novamente pelo campeonato nacional, o camisa 10 marcou duas vezes em vitória por 3 a 2, na qual tornou-se célebre a sua comemoração no terceiro gol do Barça, já com 47 minutos do segundo tempo. Messi tirou a camisa e a estendeu para os torcedores do Real como se, quisesse deixar claro a eles quem era o melhor do mundo, em manifestação rara de sua parte. Do outro lado estava Cristiano Ronaldo.
Na atual temporada, o argentino ainda não conseguiu ajudar os companheiros a superarem o Real Madrid. No primeiro turno do Espanhol, recuperando-se de uma lesão no ombro direito, assistiu das arquibancadas à goleada por 5 a 1 do Barcelona, resultado que derrubou Julen Lopetegui do comando madridista.
No último dia 6, no confronto de ida das semifinais da Copa do Rei, também na Catalunha, veio do banco no segundo tempo para tentar virar a partida, que acabou terminando empatada em 1 a 1.
Se quiser ajudar sua equipe com gols nesta quarta, o argentino precisará superar uma das poucas marcas negativas com a camisa do Barcelona. Lionel Messi nunca marcou no Real em jogos da Copa do Rei. Ainda viu o time ser superado pelos madridistas na decisão em duas oportunidades (2011 e 2014), ambas no Mestalla, casa do Valencia.
O que certamente anima os torcedores do Barça para a semifinal da Copa do Rei é o crescimento de Messi em um momento chave da temporada, que antecede a sequência de dois clássicos em Madri.
Embalado pelos três gols e uma assistência na vitória por 4 a 2 sobre o Sevilla, sua principal atuação em 2019, terá uma nova oportunidade de atualizar seu histórico de grandes exibições no Bernabéu, um ambiente que, apesar de tentar mostrar-se hostil a ele, apresentou ao mundo do futebol algumas de suas melhores apresentações na carreira.
O repórter viajou a convite da La Liga, que organiza o Campeonato Espanhol