Milícia rebelde bombardeia capital da Líbia
Forças militares autoproclamadas do general Khalifa Haftar realizaram neste domingo (7) seu primeiro bombardeio aéreo na região sul de Trípoli. A cidade é a capital da Líbia e sede do governo interino do país, reconhecido pela ONU. O anúncio foi divulgado em uma rede social do Exército Nacional Líbio (ENL), chefiado por Haftar.
Em represália aos ataques de Haftar, forças governistas do Governo de Unidade Nacional (GNA), encabeçado pelo primeiro-ministro Fayez al Sarraj e reconhecido pela comunidade internacional, anunciaram uma contraofensiva em todas as cidades da Líbia, numa operação denominada de "Vulcão da Ira".
A milícia de Haftar, sediada ao leste do país e sem reconhecimento das Nações Unidas, tem avançado desde quinta (4) contra o governo, numa tentativa de tomada de poder. Haftar pretende capturar a capital e assumir o controle militar do país antes de negociações de paz patrocinadas pela ONU, em meados de abril.
As tropas de Haftar já capturaram três cidades próximas a Trípoli —Gharyan, cem quilômetros ao sul; Surman, 80 quilômetros a oeste; e Aziziya, 40 quilômetros a sudoeste.
A missão da ONU na Líbia fez um "apelo urgente" no domingo (7) para uma "trégua humanitária". O comunicado pede a suspensão dos ataques nas cidades próximas a Trípoli por duas horas durante a tarde para que feridos sejam resgatados dos locais. Foram registrados ao menos 7 mortos e 55 feridos.
Esta nova escalada militar ocorre antes de uma conferência da ONU, de 14 a 16 de abril em Gadamés, no sudoeste do país, cujo objetivo é negociar a paz e esboçar um caminho para tirar o país do caos, incluindo a realização de novas eleições. O enviado da ONU para a Líbia, Ghassan Salamé, disse no sábado (6) que a conferência se mantém, apesar da ofensiva de Haftar contra Trípoli.
O conflito entre rebeldes e governo fez com que forças norte-americanas deixassem a capital da Líbia no domingo, segundo o jornal The Guardian. Imagens em redes sociais mostraram duas embarcações de transporte militar manobrando para fora de uma praia de Janzour, no subúrbio oeste de Trípoli, e carregando soldados americanos para longe da área costeira.
Nos últimos três anos, forças americanas, francesas e inglesas foram enviadas à Líbia para combater o Estado Islâmico (EI). Os americanos realizaram mais de doze ataques aéreos contra o EI.
Chefe do governo interino, Fayez al Sarraj advertiu para uma "guerra sem vencedores", em discurso na televisão. "Estendemos nossas mãos para a paz, mas após a agressão de parte das forças pertencentes a Haftar, a única resposta será a força e a firmeza", disse.
A Líbia foi lançada ao caos desde a derrubada do ditador Muammar Gaddafi, em 2011, com cidades e milícias rivais disputando o poder. Os tumultos reduziram severamente a produção de petróleo, esgotaram boa parte da riqueza nacional e criaram refúgios para militantes islâmicos.