Ministros preveem ações contra Moro após reação a ordem para prender Lula
Era cilada, doutor Diante da barafunda criada pelo pedido extemporâneo de soltura de Lula, integrantes de tribunais superiores chegaram a duas conclusões: 1) a decisão em que o desembargador Rogerio Favreto mandou libertar Lula estava errada e 2) o juiz Sergio Moro escorregou numa casca de banana atirada pelos petistas ao reagir à ordem. Para ministros do STJ e do STF, o PT conseguiu expor o voluntarismo de Moro, reforçando a tese de que ele não é imparcial nos casos do ex-presidente.
Arapuca Para os ministros, o PT obteve a única vitória de médio prazo possível: fazer Moro errar. Na avaliação deles, o juiz pisou em falso ao ordenar que a PF não cumprisse a ordem de soltura, em afronta à hierarquia do Judiciário, e quando mobilizou outros juízes do TRF-4 para derrubar a decisão.
Arapuca 2 Segundo relatos, Moro chegou a ligar para o diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, para argumentar contra o cumprimento da decisão de Favreto.
Arapuca 3 Para os ministros do STJ e do STF, mesmo que a ordem do desembargador tenha sido teratológica, Moro errou ao se insurgir. Sua posição será explorada em ações no Conselho Nacional de Justiça e pela defesa de Lula nos recursos às cortes superiores.
Se saísse, voltava É ponto pacífico para esses ministros que a sentença do desembargador que tentou soltar Lula cairia rapidamente ao ser analisada no STJ, por exemplo.
Homem-bomba Um integrante da corte disse que Favreto agiu “como um talibã” ao proferir decisão favor da libertação de Lula. Ele diz que há recurso sobre o caso do petista no STJ e que não caberia ao TRF-4 se manifestar.
Sujeito oculto A defesa de Lula ficou longe da manobra exatamente por isso. Seria péssimo para os advogados do presidente que são titulares da ação no STJ aparecer como autores desse recurso.
Sobrou para ela A atitude da presidente do STF, Cármen Lúcia foi criticada pelos pares. Integrantes do Supremo dizem que ela deixou o Judiciário sangrar em praça pública e que parte da disputa no TRF-4 deve ser creditada à resistência dela em rediscutir a prisão em segunda instância.
Prata da casa Obrigados a traçar cenários alternativos para o caso de Geraldo Alckmin (PSDB) não conseguir atrair outros partidos do centro para sua coligação, tucanos começaram a cogitar como vice de seu presidenciável o senador Tasso Jereissatti (CE).
Currículo Tasso é do Nordeste, fez oposição ao governo Michel Temer e tentou afastar Aécio Neves (MG) da legenda após a delação da JBS.
Tenho a força Pressionado, Alckmin não deixa transparecer qualquer insegurança. Quando o centrão quis saber das especulações em torno da possibilidade de sua substituição por João Doria (PSDB), foi direto: “Daqui um mês ou dois, sou eu que vou estar puxando ele em São Paulo”.
Penitência A dificuldade das siglas que hoje compõem a base do governo Michel Temer de encontrar um nome para a eleição fez um integrante do Planalto se render. “É preciso ter consciência de que não há alternativa. Nessas horas, ajoelha e reza”.
Termômetro Dirigentes do PSDB paulista monitoram as manifestações de José Luiz Datena. Lançado ao Senado na chapa de Doria, ele oscila publicamente sobre o ingresso na política. Para evitar um cavalo de pau, Doria fala o tempo todo com o apresentador.
Com amor se paga Em prisão domiciliar por causa de complicações de saúde, o deputado Paulo Maluf (PP-SP) pedirá autorização da Justiça para gravar participação na propaganda eleitoral. Quer fazer campanha para Guilherme Ribeiro, filho de Jesse Ribeiro, seu braço direito há 42 anos.
Boca de urna Guilherme tem 34 anos e pretende disputar uma vaga na Câmara pelo PRB. Maluf já tem pedido aos que o visitam que votem no afilhado.
TIROTEIO
O mais surreal é ver três juízes em ação domingo para impedir o cumprimento de uma decisão que podia cair segunda-feira
Do professor Thiago Bottino, da FGV Direito Rio, sobre as decisões de Sergio Moro, Gebran Neto e Thompson Flores contra a soltura de Lula