Monarquia, uma tradição sem sentido
Formada em Harvard e Oxford, Masako Owada teve de abandonar a carreira de diplomata ao aceitar o pedido de casamento. Pois, ao fazê-lo, entrou na rota para se transformar na nova imperatriz japonesa, o que acabou ocorrendo na semana passada.
Mas, por ser mulher, Masako não pôde assistir à cerimônia em que Naruhito, seu marido, foi promovido. Foi barrada pela tradição da monarquia japonesa —a mesma que, por ora, impede que sua filha assuma o posto do pai, reservado a homens.
Outro país que acaba de viver um importante evento monárquico é a Tailândia. Promoveu luxuosa cerimônia durante três dias para coroar o rei Rama 10º e a rainha Suthida, com quem ele havia se casado de surpresa dias antes.
A festa para o novo chefe de Estado tailandês custou R$ 122 milhões, três vezes o que os dois presidenciáveis do segundo turno da eleição brasileira dizem ter gasto na campanha. Os súditos de lá não podem criticar o rei, que, apesar de custar muito, apita pouco —uma junta militar comanda o país há cinco anos.
Nesta quarta (8), quem tomou espaço do noticiário foi a mais famosa de todas as monarquias. A realeza britânica queria mostrar seu novo bebê. A despeito de todo o barulho do anúncio, trata-se apenas do sétimo nome na linha sucessória.
Tradições não estão imunes a críticas, inclusive pelo flanco do ridículo. E as tradições monárquicas vão contra valores de igualdade de gêneros, de diversidade, de meritocracia. Nenhuma ação do príncipe Charles em defesa da Amazônia será capaz de apagar isso.
Felizmente, o sentido da história tem sido claro: os atuais 44 países sob regime monárquico representam um quarto do que havia no início do século passado.
Caso queira um dia seguir o caminho da política, Archie Harrison, o mais novo integrante da Coroa britânica, faria bem em usar sua ascendência americana para se candidatar a presidente dos EUA.