Montevidéu vai do grito ao choro com eliminação da seleção na Copa
Às 10h30 desta sexta-feira (6), faltando 30 minutos para o início de Uruguai x França, agentes de trânsito tiveram de isolar as ruas na região da prefeitura de Montevidéu, onde milhares de torcedores uruguaios se juntaram para assistir ao jogo em um telão.
Bumbos, tambores e trompetes davam o tom das músicas de incentivo à seleção antes mesmo de a bola rolar em Nijni Novgorod. Pessoas com camisas do Nacional compartilhavam o espaço com torcedores do Peñarol. Só a equipe celeste é capaz de permitir que isso ocorra sem inconvenientes.
O hino nacional foi entoado a plenos pulmões, como se os comandados de Maestro Tabárez estivessem jogando ali, na Avenida 18 de Julho, em frente de todos.
Nos primeiros minutos de partida, o clima criado pelos uruguaios presentes era o de um mini Estádio Centenário. A banda tocava e os torcedores acompanhavam. As chegadas ao ataque eram acompanhadas com “uhh!”, “vamos!”, “dale!”.
Com o tempo, porém, parecem ter percebido que o incentivo daqui de Montevidéu pouco influenciava no que acontecia lá na Rússia. Pelo contrário, os lances vistos no telão eram que geravam as reações deste lado.
Assim que Varane cabeceou para abrir o placar, houve gritos de lamento, mas rapidamente voltaram a mostrar apoio. “Sou, Celeste! Sou, Celeste! Celeste, eu sou!”, entoavam com orgulho os muitos uruguaios que acreditavam na recuperação da equipe. À medida que o segundo tempo foi se desenrolando, a angústia aumentou e a cantoria já não era tão empolgada.
A esperança estava nos jogadores do banco de reservas. Nas vezes em que o telão exibiu os atletas aquecendo e se preparando para entrar no jogo, os uruguaios recobravam o ânimo. Uma fé depositada naqueles que, com sangue novo, poderiam fazer a cidade de Montevidéu e todo o país pulsar novamente.
Como Cavani, que ficou o jogo todo no banco e, a cada que vez que era mostrado, gerava pedidos dos torcedores para que entrasse em campo e fizesse algo. O segundo gol da França jogou água fria no mate de todos. E justamente dele, Antoine Griezmann, o mais uruguaio dos franceses.
O lance não foi muito claro para quem estava mais distante do telão. Quando o replay mostrou com clareza a falha do goleiro Muslera, que praticamente decretava a desclassificação do Uruguai, um suspiro coletivo rondou o local. “Ahh”, foi som do lamento. Eles pareciam não acreditar.
Nos minutos finais, crianças já se apoiavam nos pais para aliviar a tristeza do choro pelo adeus da Copa do Mundo. Mulheres e homens de todas as idades se abraçavam, sabendo que já não era mais possível.
No momento em que o argentino Néstor Pitana encerrou a partida, os uruguaios aplaudiram.
Momentos depois, o telão foi desligado e a multidão se dispersou. Mas um pequeno grupo de jovens torcedores com alguns instrumentos deu início mais uma vez ao “Sou, Celeste!”. De repente, eram vários os que pulavam e cantavam junto deles. Da frustração à festa, motivados pelo orgulho de ser uruguaio.
Passando das 13h, as pessoas começaram a buscar seu destino e se espalhar pelas ruas do centro da cidade. Foram embora, certamente, com a ilusão de voltarem para cá daqui quatro anos, em um próximo Mundial. Afinal, como diz uma das músicas, “Voltaremos a ser campeões! Como na primeira vez”. Os uruguaios sonham com esse dia, mas terão de esperar mais um pouco.