Moradores de prédio atingido por drone explosivo em Caracas relatam medo

O cheio de queimado ainda está pelos corredores. As marcas das chamas agora tomam as paredes brancas. Dois dias após o suposto atentado contra o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, poucos moradores do edifício Don Eduardo falam sobre o ocorrido.

Segundo o governo, um drone com 1kg de explosivo C4 atingiu o prédio. O susto ainda aflige as famílias que viveram momentos de medo e desespero no sábado (4).

A simples construção de 14 andares passaria desapercebida na rua Sur 12, mas agora atrai olhares de todos que transitam por ali, seja a pé ou de carro.

Os três primeiros andares do prédio foram tomados pelas chamas após a explosão de um dos drones que, segundo o ditador, seriam utilizados em um atentado para assassiná-lo. O tremor foi sentido no prédio todo.

Maduro discursava na avenida Bolívar, a três quadras dali, pelo 81º aniversário da Guarda Nacional, quando o artefato atingiu o edifício.

"Eram 17h40, quando ouvi duas explosões muito fortes. Nunca tinha ouvido algo tão alto. Pensei que fosse um terremoto ou um bombardeio", conta a moradora Maria Cermeño, 68.

Os momentos que se seguiram foram de terror. "As pessoas saíram gritando e chorando. Como tenho a mobilidade muito reduzida e desligaram o elevador, tudo o que pude fazer foi rezar e esperar o que tivesse de acontecer", conta ela. Em poucos minutos, bombeiros e ambulâncias chegaram.

A circulação no prédio e no entorno está normal. Carros da Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional) tem passado pelo local. "A toda hora passa um aqui, mas não os vi entrando no prédio", disse um morador sob condição de anonimato.

Muitos moradores, incluindo o dono do apartamento atingido, não aceitaram falar com a reportagem.

Para prestar solidariedade a Maduro, centenas de pessoas se reuniram na praça Morelos, em Caracas, nesta segunda. O ato convocado pelo governo no domingo (5) foi atendido por centenas de chavistas e maduristas.

A funcionária pública Nair Baraco, 52, considera terrível o suposto atentado. "Estavam tentando atingir Maduro. Não vão conseguir. Estamos aqui para mostrar apoio a ele. Se Maduro precisa de nós, estaremos com ele. Agora e em qualquer momento."

Outras pessoas que formavam a multidão, no entanto, não respondiam com tanta vontade à convocação. Uma funcionária pública de uma companhia nacional de gás disse estar ali "apenas porque mandaram ir". Jovens de uma empresa de transportes disseram frases parecidas.

Tomados ou não pelo nacionalismo, centenas de pessoas vestidas com as cores do país (amarelo, azul e vermelho) marcharam até o Palácio de Miraflores, onde encerraram o ato.

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