Mortes: Apaixonado por artes, lutou na linha de frente contra a Aids
Artur, ou Tuta, foi o terceiro de cinco filhos do comerciante de móveis Jacob e da dona de casa Fani Timerman. Orgulho da família, sempre tirou boas notas e se destacava em quase tudo a que se dedicava.
Cursou medicina na USP e se formou em 1976; concluiu a residência em doenças infecciosas e parasitárias em 1979, antes de a epidemia de HIV/Aids tomar grandes proporções e assustar o mundo. Artur lutou na linha de frente contra a doença numa época mais dura, antes da existência dos tratamentos modernos. Nessa época, trabalhava no Hospital das Clínicas da USP.
Lançou, em 2015, o livro “Histórias da Aids” (ed. Autêntica), em parceria com a jornalista Naiara Magalhães, com histórias de pacientes. Explorou questões médico-científicas, comportamentais e sociais dessa doença, que altera múltiplas dimensões da vida dessas pessoas.
“Era gente jovem escapando entre os dedos que nem água, morrendo por um problema que ninguém sabia tratar. Havia muito estigma. Companhias se recusavam a pagar seguro de vida às famílias se a causa da morte do segurado fosse a síndrome”, disse à Folha à época do lançamento do livro.
Tinha paixão por música, teatro e cinema; chegou a escrever críticas de filmes. “Era a quem todos recorriam quando precisavam de uma dica do que assistir. Ele era capaz de ficar da primeira à última sessão em festivais”, conta o cardiologista Sérgio Timerman, irmão de Tuta.
O amor do infectologista pelo futebol não era menor: fragilizado, sempre queria saber como estava seu Corinthians.
Em 2015, Artur fundou a Sociedade Brasileira de Dengue/Arboviroses com a meta de unir esforços contra alguns dos problemas de saúde mais importantes do país, nos quais se incluem também zika e febre amarela, por exemplo. Não era raro vê-lo falar ou escrever a respeito, lembrando a importância da vacinação e do monitoramento de mosquitos transmissores de doenças, como os Aedes e a importância de se conscientizar o poder público.
Além do Hospital das Clínicas, também trabalhou no Albert Einstein e no Edmundo Vasconcelos, onde coordenou o controle de infecção hospitalar.
Artur morreu no último sábado (2), às 9h30 da manhã, após lutar por dois anos contra um linfoma. Deixa quatro irmãos, Ari, Eva, Júlio e Sérgio, a mulher, Martha, três filhos, Vladimir, Natália e Gabriela, quatro netos, sobrinhos, outros familiares e inúmeros pacientes e admiradores.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
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