Mulher pode treinar o Barcelona, diz técnico de Messi e companhia

“O  mundo do futebol vem dando importantes passos para a frente. O progresso do futebol feminino está aí para ser visto, e é irrefreável. Em algum tempo, talvez uma treinadora comande o time masculino do Barcelona. É possível.”

Essas são palavras de Ernesto Valverde, o técnico de Messi e companhia, em entrevista coletiva no Dia Internacional da Mulher.

Valverde fez média, aproveitando a data comemorativa para enaltecer o sexo oposto? Não dá para saber. Talvez sim, talvez não.

Também não dá para apresentar o discurso do treinador como algo que seja novidade, apesar de muita gente pensar que sim, que uma mulher no comando de um time profissional masculino é algo inédito.

Algumas equipes já confiaram a função a uma treinadora, de acordo com relatos de veículos de imprensa tradicionais e confiáveis.

Inclusive no Brasil.

Por aqui, a primeira mulher no cargo teria sido Cláudia Malheiro, que segurou a prancheta para orientar os jogadores do Vasco, do Acre, em 1999.

No estado de São Paulo, Nilmara Alves fez fama ao comandar o Manthiqueira, de Guaratinguetá, hoje na quarta divisão, por cinco anos seguidos, de 2012 a 2017.

No exterior, também há alguns casos.

Em 2014, a portuguesa Helena Costa foi contratada pelo Clermont Foot 63, da segunda divisão da França.

Ela, no entanto, desligou-se do clube antes de estrear, alegando amadorismo e falta de respeito – jogadores chegaram ao time sem seu consentimento.

O Clermont Foot não desistiu da empreitada e a substituiu por outra mulher, a francesa Corinne Diacre, que permaneceu três temporadas na equipe, com campanhas regulares.

Hoje, Corinne é técnica da seleção feminina da França.

Corinne.jpgCorinne Diacre em partida do Clermont Foot, há quatro anos e meio; ela hoje é treinadora da seleção feminina da França (Fred Tanneau – 4.ago.2014/AFP)

Em 2016, Chan Yuen-ting, então com 27 anos, fez história ao se tornar a primeira treinadora a conquistar um título com um time masculino em um campeonato de primeira divisão.

Foi em Hong Kong (região administrativa da China), onde nasceu, à frente do Eastern Sports Club.

No Sudão (África), Salma al-Majidi treinou no ano passado o Al Ahly, da cidade de Al Qadarif. Não há informações se ela continua no clube.

Atualmente, na Alemanha, Imke Wübbenhorst, de 30 anos, treina o BV Cloppenburg, da quinta divisão.

Ela ganhou manchetes em janeiro ao responder a um repórter que quis saber se ela soava algum alarme antes de entrar no vestiário para falar com os jogadores, de modo que eles se vestissem.

“Claro que não. Sou uma profissional. E faço minhas escolhas [acerca de quem vai jogar] pelo tamanho do pênis”, afirmou, sarcasticamente.

Retomando a seriedade, sentenciou: “Quero ser julgada pelos meus resultados, e não por ser homem ou mulher”.

Opções de treinadoras com experiência em treinar marmanjos, percebe-se, há para o Barcelona no mercado.

Como nenhuma grande equipe de futebol deu até hoje a direção da equipe principal masculina a uma mulher, o time catalão, se o fizer, será vanguardista.

Pode acontecer, como afirmou Valverde? Sim. Mas duvido que será tão já.

E o pioneirismo pode ficar para um outro clube, que tenha coragem para bancar uma ação histórica.

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