Mulheres passam a ser aceitas em pós-gradução em maçonologia
Antes limitado a "irmãos maçons", ou seja, apenas homens que integrem alguma ordem dessa fraternidade, um curso de pós-graduação a distância dedicado ao ensino da maçonologia passou a aceitar qualquer pessoa que tenha nível superior completo. Inclusive mulheres, historicamente vetadas na maçonaria.
A decisão de abrir a pós para todos veio após a Folha publicar reportagem nesta quarta-feira (27) sobre a especialização validada pelo Ministério da Educação e oferecida pela Uninter, um dos maiores grupos universitários do país, por 17 parcelas de R$ 127,30 (totalizando R$ 2.164) mais R$ 49,90 de matrícula.
Segundo Jorge Bernardi, professor no curso e candidato da Rede ao governo do Paraná derrotado em 2018, a turma que começa na semana que vem –a terceira da pós– "não é mais restrita só aos maçons".
Chanceler da Uninter e candidato a senador pelo PSL-PR, Wilson Picler reuniu o Conselho Acadêmico do grupo "e determinou que as aulas fossem abertas ao público em geral", diz Bernardi.
Antes, o pró-reitor de pós-graduação da Uninter, Nelson Pereira Castanheira, havia dito à reportagem que "a maçonaria considerada regular no Brasil só aceita membros do sexo masculino”. Até há exceções de lojas maçônicas que aceitam mulheres, mas isso é um tanto heterodoxo e ocorre à parte das três principais potências maçônicas (como são chamadas as correntes internas) no Brasil.
Segundo Castanheira, a ementa da pós detalha a história e a filosofia da fraternidade que, só para ficar na história política contemporânea, tem em suas fileiras nomes de coloração partidária tão variada quanto o vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB), o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), o ex-governador paulista Márcio França (PSB) e o ex-presidente Michel Temer (MDB).
A grade curricular do curso de maçonologia se divide em tópicos como “legislação e estrutura maçônica”, “geometria sagrada e a visão cabalística” e “o esoterismo ocidental e a ciência da iniciação”.
O ecletismo é a razão de ser desse grupo que tem origem na Idade Média. Maçom (pedreiro em francês) era uma categoria importante numa época pródiga em erguer castelos e igrejas colossais.
Os maçons se organizavam no que pode ser visto como antepassado dos sindicatos atuais. Esses grupos corporativos serviam para assegurar segredos do ofício e depois foram se abrindo para outros segmentos sociais, ainda que preservando certa aura de sociedade secreta.
Maçons assumiram a linha de frente da história em vários momentos, entre eles a proclamação da independência brasileira –cujo patrono, José Bonifácio, era um “irmão”. Entre outros maçons ilustres estariam presidentes americanos (como George Washington), pensadores (Voltaire) e músicos (Beethoven).
Muitos grupos religiosos, como boa parte dos evangélicos, comparam a maçonaria a uma seita, embora maçons se classifiquem como uma “instituição essencialmente filosófica, filantrópica, educativa e progressista” –e não necessariamente na vocação à esquerda que o progressismo ganhou, vide as várias manifestações de apreço, entre maçons, pelo direitista Jair Bolsonaro nas últimas eleições.