Na ressaca do axé, banda Afrocidade mostra música indecifrável em SP

Tem a Lívia Nery, que faz eletrônica com veia pop e está em São Paulo gravando disco. Tem o ÀTTØØXXÁ, grupo que coloca beats sintéticos dentro do pagodão baiano e que está para lançar o álbum “LUV BOX”.

Tem a mistura de soul + pop + funk melódico do Junior Lord. Tem a Larissa Luz, a Luedji Luna, o Giovani Cidreira, o BaianaSystem, o Baco Exu do Blues. E tem também o Afrocidade nessa onda baiana que está dando gás à nova música jovem brasileira. 

Grupo com núcleo de 8 músicos e que usa o afrobeat, o rap e ritmos jamaicanos, baianos e africanos para criar uma composições deliciosamente indecifráveis, o Afrocidade ganha mais cinco integrantes (dois dançarinos e três instrumentistas) para o show que encerra a turnê paulista, nesta quinta-feira (26), no Sesc Pompeia.

Não é coincidência que esse espaço recentemente ocupado por todos esses nomes tenha aparecido com o declínio do axé. Música que ficou colada à identidade baiana no final do século 20, o axé de Ivete Sangalo, Chiclete com Banana e cia. vive nos últimos anos uma estagnação estética e um visível declínio de público.

“Estamos em um momento marcante para a música baiana, é algo que está realmente saindo dos guetos”, diz Eric Mazzone, 34, baterista e diretor musical do Afrocidade.“Isso aparece com o fim da indústria do axé. O povo não aceita mais a mesmice, as mesmas bandas que são colocadas para se apresentar no Carnaval de Salvador. É o povo, e não mais os empresários, quem dita agora o que se ouve na Bahia.”

Um dos primeiros a quebrar essa barreira foi o BaianaSystem, que há cerca de quatro anos tem um dos blocos mais disputados no Carnaval soteropolitano. “Eles conseguiram fazer algo bem autoral naquele mar de artistas que faziam sempre as mesmas coisas. Está havendo uma politização da música baiana. Até bem pouco tempo atrás, bandas que tinham um discurso político eram impedidas de se apresentar em certos locais. O Afrocidade é fruto disso”, afirma Mazzone. 

Natural de Camaçari, município próximo a Salvador, o Afrocidade conseguiu inverter a dinâmica musical entre as duas cidades. “Normalmente Camaçari é que absorve o que vem de Salvador, com as bandas e os sons que saem da capital. Nós levamos nossa música para lá, inclusive fazemos nossos eventos em Salvador.”

Mazzone refere-se ao Afrobaile, em que o Afrocidade faz shows e convidam outros grupos e DJs para participarem da noite.O show no Sesc Pompeia será apenas o segundo que a banda faz na capital paulista. O primeiro foi na Virada Cultural do ano passado. A apresentação desta quinta terá participação do rapper Rincon Sapiência.

“É a primeira vez que fazemos um show juntos”, diz Mazzone. “Vamos tocar algumas músicas, entre elas uma releitura de ‘Elegância’ (faixa de Rincon). Decidimos convidá-lo porque ele vem flertando com a música baiana nos últimos anos. E tem tudo a ver com a mistura de pagode baiano, arrocha e rap que nós fazemos.”

Afrocidade
Sesc Pompeia. R. Clélia, 93, Água Branca, tel. (11) 3871-7700. Nesta quinta-feira (26) às 21h30. 18 anos. R$ 6 a R$ 20. sescsp.org.br

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