NASA está preocupada com o congestionamento de “entulho” espacial
São cada vez mais as empresas aeroespaciais que demonstram vontade de lançar novos satélites e sondas em órbita, mas poucos estão a recolher o “ferro-velho” inoperacional.
Ainda esta semana fez 25 anos sobre o lançamento do primeiro satélite português ao espaço, o PoSAT-1. Este encontra-se desativado há vários anos, sendo apenas um dos cerca de 4.000 dispositivos espaciais em torno do planeta. Segundo a NASA, apenas 1.800 estão operacionais, e mais de metade transformaram-se em “lixo perigoso" e a formar constelações de tecnologia desativada.
Ainda assim, são cada vez mais as empresas interessadas em colocar satélites em órbita, estando previstos lançamentos de milhares de sondas, sobretudo para satisfazer as necessidades das telecomunicações. Só a SpaceX tem autorizações submetidas na FCC para lançar cerca de 12.000 satélites e a OneWeb obteve recentemente autorização da reguladora para enviar 720 dispositivos e já pediu mais 1.260.
A NASA referiu numa recente publicação dedicada aos “despojos orbitais” que ao serem lançados todos ao mesmo tempo, o número de satélites em órbita vai quadruplicar, aumentando o risco catastrófico de colisões. No seu estudo, os cientistas da agência espacial norte-americana concluíram que praticamente todos os satélites (99%) deverão ser retirados da órbita após completarem as suas missões, invés de abandonados na baixa atmosfera. Só assim serão evitadas colisões tendo em conta o aumento de lançamentos previstos.
A ESA está a estudar o que pode acontecer se dois satélites colidirem. Desde 2012, a iniciativa Espaço Limpo da ESA tem trabalhado para manter o espaço um sítio seguro, limpo e acessível às gerações futuras, reduzindo o impacto ambiental das nossas atividades espaciais ao longo de todo o seu ciclo de vida.
Até agora as colisões foram raras, mas já aconteceram, como um caso de 2009, em que um satélite russo colidiu com uma sonda de comunicações americana, originando milhares de fragmentos. Os cientistas temem que no caso de colisão, os estilhaços que são gerados possam desencadear colisões em cadeia, danificando satélites operacionais…
Um vídeo de 2015, produzido pelo professor Stuart Grey, da Universidade Colegial de Londres, criou uma simulação digital onde retrata o aumento de lixo espacial em torno do planeta Terra.