Negociações do 'brexit' empacam e geram medo
O Reino Unido vai deixar oficialmente a União Europeia em apenas seis meses, mas as negociações do “brexit” andam cada vez mais bagunçadas e surreais.
Ninguém faz a menor ideia se os dois lados conseguirão de fato fazer um acordo amigável para a separação até o dia 29 de março de 2019.
É bem possível que não.
Na semana passada, a primeira-ministra Theresa May não conseguiu convencer os líderes europeus a aceitarem a mais recente proposta de divórcio britânica –que incluía a criação de uma união aduaneira para evitar a desastrosa instalação de uma nova fronteira entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte (que faz parte do Reino Unido).
Com isso, as negociações empacaram. De novo.
O pior é que ao invés de tentar resolver o problema, os dois lados passaram a bater o pé com mais força.
Os líderes europeus, fazendo piadas pelas redes sociais. Os britânicos, acusando a União Europeia de falta de respeito com a ilha e dizendo que vão para o combate.
Theresa May voltou a insistir, então, que é melhor deixar a União Europeia sem acordo nenhum do que com um acordo ruim.
Nada animador...
Com tudo isso, muitos britânicos estão perdendo o otimismo e começando a ficar com medo genuíno das consequências do “brexit”.
Afinal, eles são bombardeados todo santo dia com manchetes alarmistas como as seguintes:
Falta de acordo com a União Europeia levará a milhares de demissões Sua casa vai perder um terço do valor depois do “brexit” Centenas de empresas vão transferir operações do Reino Unido para a Europa Libra esterlina vai sofrer maxidesvalorização se não houver acordo com a UEÉ realmente assustador. E talvez parte dessas manchetes de fato vire realidade.
Afinal, alguns setores da economia britânica já vem sofrendo moderadamente desde o referendo que decidiu pela saída do bloco europeu, em 2016.
Mas, por outro lado, o país continua dando sinais de resiliência, registrando a menor taxa de desemprego em mais de 40 anos (4%) e juros ainda muito baixos (0,75%, vejam que maravilha!).
De qualquer forma, sabe-se que uma saída sem acordo tem potencial para piorar muito o cenário geral.
Para complicar ainda mais, pesquisas de opinião mostram que se houvesse um novo referendo hoje o “brexit” poderia ser derrotado por uma pequena margem –exatamente o inverso do que aconteceu em 2016.
Isso mostra que o país continua dividido e polarizado.
O medo, nesse contexto, só vai ajudar a aumentar essa polarização.