No agronegócio, placar entre Brasil e México poderia ser mais elástico
No campo de futebol, o Brasil ganhou de 2 a 0 do México, mas nos campos agrícolas o placar poderia ser ainda mais elástico.
A relação comercial entre brasileiros e mexicanos vem crescendo no setor de agronegócio. E pode avançar ainda mais com os mais recentes acontecimentos políticos no México e nos Estados Unidos.
O "America First", do presidente Donald Trump, e o "México Primero", do presidente eleito do México, López Obrador, devem acentuar os atritos comerciais entre os dois países da América do Norte.
Como diz Clóvis Rossi, colunista da Folha, essa relação ainda é uma incógnita e é cedo para qualquer avaliação. O lógico, no entanto, são complicações pela frente.
Essa relação desgastada do México com os Estados Unidos --tanto pelas discussões sobre o Nafta como pela imposição de taxas americanas a produtos mexicanos-- e a mudança de presidente podem abrir ainda mais o mercado do México para o Brasil.
A liderança mundial brasileira na oferta de vários produtos favorece o comércio com o país da América do Norte.
Bastante dependentes dos Estados Unidos, os mexicanos querem uma diversificação de mercado.
O Brasil tem chance de ser esse parceiro alternativo, com a possibilidade de oferta de vários produtos. Um deles são as carnes. Castigado por recentes doenças em sua avicultura, o México já vem procurando o Brasil para complementar o abastecimento interno.
De janeiro a maio deste ano, as compras mexicanas somaram 45 mil toneladas nesse setor, 100% mais do que as de igual período do ano passado.
Ricardo Santin, vice-presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), estima que a importação mexicana deverá ser de 100 mil toneladas neste ano no Brasil. "Com isso, o México estará entre os dez maiores importadores", diz ele.
Se essa relação comercial é boa agora, pode ficar ainda melhor nos próximos anos. Em uma década, os mexicanos vão importar 1,3 milhão de toneladas de carne de frango, 36% mais do que atualmente, segundo estimativas dos Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
O México é dependente também de carnes suína e bovina, mas o Brasil ainda precisa abrir esses dois mercados.
A consolidação das importações mexicanas de carne de frango e a abertura para a suína serão discutidas com o ministro da Agricultura daquele país nas próximas semanas.
As importações de carne suína pelo México deverão somar 1,8 milhão de toneladas em uma década, 50% mais do que a atual.
Já a carne bovina, produto que tem o país da América do Norte como o 12º maior importador no mundo, está um pouco mais difícil.
Antonio Camardelli, da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), diz que o mercado de carne bovina termoprocessada foi aberto recentemente, mas o de carne "in natura" está fechado.
O México vai aumentar também a dependência das importações de milho. Em uma década, serão 24 milhões de toneladas que o país deverá buscar no exterior. O Brasil, naquele período, deverá produzir pelo menos 130 milhões de toneladas e aumentar o poder de exportações.
As portas do México deverão estar abertas ainda para vários outros produtos brasileiros: arroz, soja em grãos, farelo de soja, açúcar e até café.
27%
foi a alta no número de caminhões desde 2010. Ociosidade de transporte de autônomos provocou queda no valor do frete, diz a Federação da Agricultura do Estado do Paraná
Fretes O frete é altamente concorrencial, aponta avaliação de José Caixeta Filho e de Thiago Guilherme Péra, da Esalq-Log. O tabelamento, porém, não é solução. Piora a economia e reduz a renda do setor.
Variáveis O frete vem de muitas variáveis e não se adaptaria em uma tabela só. Por isso, o tabelamento afeta o produtor rural, reduz oferta de alimentos e eleva a inflação.
Saídas O estudo, encomendado pela Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), aponta que um caminho mais efetivo que o tabelamento seriam as reduções de tributos, pedágio e combustíveis.