'Não quero, não vou, não posso, não faço'

“Fica só mais um pouquinho. Come só um pedacinho. Bebe só um golinho”. 

Você consegue dizer não a pedidos recheados de diminutivos? Ou cede à pressão e acaba fazendo aquilo que não quer fazer? Tem medo de perder os amigos e ser acusado de chato pois “não custa nada dar só uma passadinha”?

Uma jornalista, de 37 anos, disse:

“Acordo todos os dias às 6 da manhã e preciso dormir cedo. Mas minhas amigas insistem: ‘Dá só uma passadinha, você volta para casa cedinho’. Se respondo não, dizem que sou antissocial, neurótica e egoísta. Sempre acabo cedendo. Fico puta porque desperdiço meu tempo, saúde e energia fazendo o que não quero. Tenho vontade de gritar: ‘Eu tenho o direito de dizer não. Não é não!’”.

É curioso perceber como o uso do diminutivo funciona como uma forma de coerção bastante eficaz, como mostra uma atriz de 53 anos:

“Comecei um regime radical pois preciso perder dez quilos urgentemente. Cada vez que visito minha sogra é uma tortura psicológica: ‘Deixa de ser chatinha, fiz o bolinho que você mais gosta. Come só um pedacinho’. Não consigo recusar pois tenho medo de magoar ou ofender a sogra e ainda ficar com fama de ser desagradável e antipática. Sou obrigada a sair da dieta e me sinto uma merda por não ter a coragem de dizer não."

Ela conclui: “Essas pequenas concessões são cruéis. Quero agradar todo mundo e esqueço que preciso agradar a mim mesma em primeiro lugar. Não quero correr o risco de perder as pessoas que eu amo e acabo me submetendo aos seus desejos. Preciso aprender a dizer: ‘Não quero, não vou, não posso, não faço’. Cada vez que eu digo sim só para agradar aos outros é um não para os meus desejos e planos. Na verdade, acho que se eu disser não para tudo o que não quero mais na minha vida vou acabar libertando muita gente que também quer dizer não e não tem coragem”.

Você também precisa aprender a dizer não?

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