Novo fracasso em eleições regionais complica situação de governo Merkel
Os parceiros de coalizão da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, deram um ultimado à líder conservadora para que entregue mais resultados no governo, ameaçando acabar com a aliança se não houver avanços, após ambos partidos perderem terreno em eleições regionais deste domingo (28).
A conservadora União Democrata Cristã (CDU), de Merkel, ficou em primeiro lugar nas eleições do estado de Hesse, no oeste do país, mas teve apenas 28%s, segundo pesquisa divulgada pela emissora ARD. O resultado marcou uma queda marcante em relação aos 38,3% que a CDU obteve na eleição passada no estado, em 2013.
O Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda, se saiu ainda pior, ficando com apenas 20% —seu pior resultado no Estado desde 1946— contra 30,7% no pleito passado. O partido quase foi superado pelos Verdes, que ficaram em terceiro, com 19,5%.
Já o partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) entrou pela primeira vez no Parlamento regional, com 12% dos votos.
A líder do SPD, Andrea Nahles, disse que vai avaliar o progresso da coalizão governista, que tem sido atormentada por conflitos internos, ao realizar uma revisão da parceria no ano que vem.
"Poderemos então avaliar a implementação deste roteiro na revisão, quando poderemos ver claramente se esse governo é o lugar certo para nós", disse Nahles. "O estado do governo é inaceitável."
Sua mensagem foi clara: o SPD precisa ser capaz de mostrar resultados tangíveis a seus apoiadores no próximo ano, ou então os líderes do partido sairão da coalizão com Merkel.
Volker Bouffier, atual primeiro-ministro dee Hesse pela CDU e aliado de Merkel, disse que seu partido alcançou o objetivo de liderar o próximo governo estadual, mas acrescentou: "Estamos sofrendo por causa das perdas".
"A mensagem para os partidos em Berlim é: as pessoas querem menos disputas e mais foco nas questões importantes", disse.
O fraco resultado da CDU em Hesse, depois que seu partido-irmão no estado da Baviera, o CSU, sofreu seu pior resultado desde 1950 duas semanas atrás, pode turbinar um debate sobre quem sucederá Merkel e quando. Ela é chanceler há 13 anos.
Os problemas internos de Merkel podem limitar sua capacidade de liderança na União Europeia, no momento em que o bloco está lidando com o "brexit", uma crise orçamentária na Itália e a perspectiva de que partidos populistas obtenham ganhos nas eleições para o Parlamento Europeu em maio próximo.