O grande barato de algumas mães de esquerda é meter o dedo na sua cara

Se fosse só lambuzar as assaduras do bebê com uma papa de maisena orgânica ou meter um colar de âmbar em todos os humanos que ousam passar pela porta do quartinho do sagrado rebento, estaria tudo bem. Se fosse só se achar melhor do que as outras mães porque pariu na piscina de brinquedo do filho mais velho, vá lá. Se a loucura significa se isolar num sítio sem televisores nem celulares, supondo que seus herdeiros serão infinitamente mais felizes e preparados para a realidade do que as outras crianças do mundo, eu posso até acreditar e ainda bater palmas.

Mas não, o grande barato delas é meter o dedo com cutícula malfeita na sua cara. São pequenas sargentas, marchando sem dó sobre o coração de mães normais e infinitamente culpadas. Com toda a razão, militam contra mandados opressores, mas —que incongruência!— as vejo quase sempre fardadas com suas roupas de algodão natural colorido, armadas com discursos prontos sobre o que é o parto correto, a amamentação ideal, o amor materno de verdade. Acham que tenho tempo (ou saco) de lavar fralda de pano e, caso eu não tenha, que arrume!

Legal é não ter babá e fazer tudo para a sua cria! Legal é abrir mão das maravilhas que o maldito dinheiro pode comprar (através de um nocivo emprego capitalista) e plantar banana no quintal de casa e/ou bananeira na aula de ioga!

O certo é amamentar 56 vezes por dia e, na hipótese de a lactante sentir que vai dar uma pequena falecida, é devido desmaiar com o mamilo para fora, de modo que facilite o acesso do bebê ao corpo inerte da mãe perfeita. São “anti” antidepressivo, anti-inflamatório, antifúngico e o antigo método de mandar um nenê parar de encher o saco dizendo: “xiiiu, nenê, pare de encher o saco!”. Vão te julgar se você der a vacina contra o rotavírus, mas acreditam que duas gotas de mercurius sol hão de curar uma garganta infestada de pus e cessar uma febre de 42 graus.

Vejo as mães de esquerda cultivando mais uma horta, preparando mais uma torta de inhame, abrindo mão de profissões e desejos, sustentadas, angustiadas, mas com tempo de sobra para deixar as sementes de chia de molho. Ficam tanto na cozinha que daqui a pouco começam a bater panelas.

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